Apesar de invasões, Gleisi diz querer MST ‘em defesa do governo’
Movimento reuniu 50 parlamentares em Brasília na mesma semana em que ampliou pressões para derrubar primo de Arthur Lira do Incra em Alagoas
Apesar das cada vez mais frequentes invasões de terra desde que o presidente Lula assumiu o Palácio do Planalto em 1º de janeiro, quebrando uma promessa de campanha do petista e um acordo do próprio governo para conter ocupações potencialmente ilegais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e outros 49 parlamentares amigos se reuniram nesta terça-feira, 11, com a cúpula do movimento social e discutiram o calendário do que os sem-terra chamam de “Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária”. Embora a jornada inclua a defesa legítima do direito à moradia e o combate à fome, também embute a ocupação de propriedades privadas.
Ao lado de expoentes do movimento social nomeados para o governo, como os ex-coordenadores nacionais do MST Kelli Mafort, que ocupa Secretaria de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Presidência, e Milton Fornazieri, secretário do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Gleisi disse que “precisamos que o MST esteja forte e junto com a gente nesta luta em defesa do governo”.
O “Abril Vermelho”, movimento em que o grupo expõe sua pauta de reivindicações, incluiu na versão 2023 pressões pela exoneração do superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Maceió. O cargo é ocupado por um primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL).
No encontro desta terça-feira com os parlamentares, um dos principais coordenadores nacionais do MST, João Paulo Rodrigues, cobrou celeridade na nomeação de postos-chave regionais do Incra e, a despeito de a sede da autarquia em Maceió ter sido ocupada no início da semana como pressão pela queda do superintendente César Lira, João Paulo disse que “não teremos uma jornada de ocupações em abril”. “Já chegamos a fazer 270 ocupações em um só mês, isso sim é jornada de ocupação”, afirmou.
No final de janeiro, o MST invadiu três áreas produtivas da empresa Suzano no sul da Bahia e só deixou o local depois que a empresa pediu reintegração de posse na Justiça. Neste mês, invadiu um engenho em Pernambuco.