Durante o debate da TV Globo, na noite da quinta-feira 25, os candidatos a governador de São Paulo João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) acentuaram as diferenças entre seus programas de governo e durante a maior parte do encontro trocaram os ataques mais diretos por alfinetadas mais sutis, mas ainda tentando colar determinados rótulos aos adversários.
A principal diferença que ficou clara entre os candidatos foi no entendimento sobre modelos de governo. De um lado, França adotou um discurso mais social-democrata, com diversas referências a prioridade para programas públicos e a valorização do papel dos servidores.
De outro, Doria adotou uma retórica liberal, de aumento nas parcerias com o setor privado e desestatizações, como forma de reduzir os gastos do estado e estimular empregos. Oriundos do mesmo grupo político, do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), os dois candidatos expuseram, assim, as duas principais tendências de pensamento que vigoraram no ninho tucano durante os últimos 23 anos.
A área mais clara das divergências entre os dois, sob esse aspecto, foi na saúde, onde cada um tem uma receita diferente para resolver o problema das filas de exame. O candidato do PSB quer investir em abrir as unidades de atendimento médico de especialidade (AMEs) nos fins de semana. Já o postulante do PSDB aposta em uma versão estadual do Corujão da Saúde, comprando horários inutilizados de hospitais privados.
Da mesma forma, João Doria pretende estabelecer parcerias para que as redes privadas orientem a gestão das unidades públicas. Crítico desse discurso, França prega privilegiar o servidor público e tenta pregar o adversário como um gestor competente na iniciativa privada, mas que desconhece os mecanismos da atuação do Estado.
Outro exemplo dessa divergência foi em relação à Sabesp. O atual governador criticou Doria, por, segundo ele, defender a privatização da empresa de saneamento básico. Esse mesmo processo que o é chamado de “capitalização” pelo tucano, que o vê como positivo para ampliar o atendimento à população. Enquanto isso, França argumenta que o problema não é a condução pública, mas politizada – insinuando que em virtude da polarização entre PSDB e PT, governos tucanos e prefeituras petistas acabaram prejudicando o atendimento à população por falta de cooperação.
Os ataques entre os adversários, que dessa vez apareceram mais em forma de alfinetadas e ironias, se pautaram por discursos já conhecidos. Márcio França, mais uma vez, citou o fato de Doria ter abandonado a prefeitura de São Paulo e a votação mais baixa que o tucano apresenta na capital. “Para quem mora no interior, pega um telefone e liga para um amigo ou um parente aqui em São Paulo e pergunta por que as pessoas não votam no João Doria”, sugeriu o atual governador.
Do seu lado, o postulante do PSDB buscou mais uma vez colar em França a marca de ser um “esquerdista” ou “socialista”, citando a defesa de voto no seu adversário feita por movimentos como o MST e partidos como o PT e o PSOL, que o fazem em rejeição a Doria.
Os eleitores do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foram os mais cortejados por ambos os candidatos. De um lado, até para desviar das críticas de Doria, Márcio França voltou a citar os apoios que recebeu do senador eleito Major Olímpio (PSL) e do terceiro colocado na disputa estadual, Paulo Skaf (MDB) – ambos apoiadores do capitão da reserva. Já o candidato do PSDB reiterou seu apoio ao presidenciável do PSL e pregou o voto “Bolsodoria”, com tons patrióticos e bandeira do Brasil, fazendo referências ao economista Paulo Guedes, provável ministro da Fazenda em um eventual governo de Bolsonaro.
Outra tema relevante durante o debate foi segurança pública. E, mais uma vez, os candidatos apresentaram caminhos diferentes. Márcio França chamou para si os resultados que também foram alardeados por Alckmin na campanha presidencial, da redução dos índices de criminalidade em São Paulo. Ele defendeu a adoção do “alistamento civil”, em que jovens de 18 anos receberiam uma bolsa de 500 reais por mês para quatro horas de trabalho auxiliando as polícias, e a valorização dos policiais civis e militares, prometendo torná-los os mais bem pagos do país.
Já João Doria quer articular com deputados eleitos da sua base de apoio para aprovar, no Congresso Nacional, projetos de lei que proíbam as saídas temporárias de presídios e que reduzam a maioridade penal, de 18 para 16 anos.
Veja como foi o debate entre Doria e França na TV Globo:
23:36 – João Doria: Repúdio às fake news e voto patriótico
Em suas considerações finais, João Doria repudiou os ataques e as notícias falsas nas eleições de 2018 e pregou um voto patriótico, “contra as esquerdas”, nele para governador e em Jair Bolsonaro para presidente.
23:33 – Márcio França: Eleições são a ‘hora da verdade’ e de alternância ao PSDB
Em suas considerações finais, Márcio França afirmou que o segundo turno das eleições são a “hora da verdade” e se apresentou como “o novo” nessa eleição, capaz de romper o ciclo de 24 anos do PSDB.
23:32
“Vamos promover empregos nas desestatizações que vamos fazer em rodovias, hidrovias, ferrovias e aeroportos”
João Doria (PSDB)
23:31
“Você falou que não ia ser político, mas por ambição largou a Prefeitura e queria ser presidente”
Márcio França (PSB)
23:25 – Doria promete programa de desestatização
O candidato do PSDB, João Doria, prometeu adotar um amplo programa de desestatização se for eleito governador de São Paulo, com o objetivo de reduzir os gastos públicos e gerar empregos.
23:23
“Vamos fazer o Cheque Moradia que vai garantir até 60.000 reais para você que não tem casa escolher a sua casa e onde vai morar”
João Doria (PSDB)
23:22 – França defende reitora da Univesp e quer unificar “bandeijão” e Bom Prato
João Doria criticou a nomeação de Fernanda Gouveia como reitora da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), uma vez que, diz, ela não é professora. França replica que o conteúdo das aulas da Univesp é contratado da USP, da Unicamp e da Unesp. Ele também propõe unificar os restaurantes do Bom Prato e os “bandeijões” das universidades públicas, para economizar com uma única compra de alimentos.
23:18
“Você acha que a população do campo quer saber se você fez uma revista de nome Caviar?”
Márcio França (PSB)
23:15
“Não concedi espaço para partidos fazerem negociações partidárias e ideológicas”.
João Doria (PSDB)
23:14 – Doria afirma que vereador do PSB ajudou a compartilhar fake news
O candidato do PSDB, João Doria, acusa o vereador paulistano Camilo Cristófaro (PSB) de ter ajudado a disseminar fake news, em referência velada ao suposto vídeo íntimo relacionado a ele. Como a afirmação foi feita na tréplica, França não respondeu, mas falou fora do microfone que Cristófaro, apresentado por Doria como alguém de “extensa ficha corrida”, foi aliado do adversário enquanto este foi prefeito de São Paulo.
23:10
“Para quem mora no interior, pega um telefone e liga para um amigo ou um parente aqui em São Paulo e pergunta por que as pessoas não votam no João Doria”
Márcio França (PSB)
23:09 – Doria defende vice, cita Mara Gabrilli e promete valorizar mulheres
Márcio França citou a sua candidata a vice-governadora, Coronel Eliane Nikoluk (PR), e questionou do porquê de Doria não ter escolhido uma mulher para compor sua chapa, privilegiando Rodrigo Garcia (DEM), que seria, diz o postulante do PSB, da “velha política”. Doria defendeu Garcia, citou a senadora eleita Mara Gabrilli (PSDB) e prometeu valorizar as mulheres, sobretudo na área da segurança.
23:04
“Eu vou formar e contratar policiais. Serão 13.000 novos policiais na Polícia Militar e 8.000 na Civil. O que eu desejo para São Paulo é polícia na rua e bandidos na cadeia”.
João Doria (PSDB)
23:03 – Pela primeira vez, Doria e França debatem sobre PSB e esquerda
João Doria cita uma notícia de que o Movimento dos Sem Terra (MST) apoia seu adversário, Márcio França, cuja legenda, diz, defende a reforma agrária “nos moldes socialistas”. Em réplica, França diz que “nem conhece quem é o MST” e que “não convive nesses ambientes”, além de citar outros apoios, como o ex-governador Alberto Goldman (PSDB), o presidente da Fiesp Paulo Skaf (MDB) e o senador eleito Major Olímpio (PSL).
22:59
“A agricultura tem que ser subsidiada. É importante que ela seja subsidiada. É assim em todos os países desenvolvidos do mundo”
Márcio França (PSB)
22:57 – França e Doria divergem sobre “alistamento civil”
Márcio França defendeu uma das suas principais bandeiras, o projeto de “alistamento civil”, em que jovens de 18 anos dispensados do Exército recebam um ano de bolsa de 500 reais por um trabalho de quatro horas para as polícias do estado, para que se afastem da criminalidade. João Doria, por sua vez, diverge do projeto e diz que este exporá os jovens aos riscos da violência e colocará pessoas despreparadas para o trabalho de segurança pública.
22:47
“Eu não faço política partidária na vida pública. Quem gosta disso são o PT e seus partidos aliados”
João Doria (PSDB)
22:46 – Militantes de Doria e França brigam na entrada da Globo
Militantes dos candidatos ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), entraram em confronto nesta quinta-feira 25 nos arredores da sede da Globo, na Zona Sul de São Paulo. O confronto foi afastado por policiais militares.
22:44 – França cita Skaf, promete escolas com arte e esporte e ensino técnico gratuito
Márcio França prometeu, se eleito, ampliar o acesso a teatro e a práticas esportivas nas escolas públicas e técnicas estaduais. Ele relembrou o apoio de Paulo Skaf (MDB) a sua candidatura e disse que usará a rede de escolas do Sesi como exemplo. O postulante também prometeu adotar um ensino técnico universal a todos os estudantes da rede pública, com base em sistemas de ensino à distância (EaD)
22:38
“Vamos colocar a CPTM no padrão metrô, para que tenhamos 350 km de linhas no padrão metrô. Teremos trens com USB e wi-fi, condições adequadas. Cada estação terá uma creche para 150 crianças”
João Doria (PSDB)
22:37
“Não vou privatizar a Sabesp, você já disse se privarizaria e depois voltou atrás. Acho que isso é errado a Sabesp é uma grande empresa de São Paulo”
Márcio França (PSB)
22:36 – Doria promete novo programa de despoluição do tietê
O candidato do PSDB, João Doria, prometeu um novo programa de despoluição do rio Tietê, com prazo máximo de oito anos. Para Márcio França, a polarização contra o PT durante os governos do PSDB prejudicou a atuação da Sabesp, sobretudo em Guarulhos (SP), e que a sua gestão eliminará o critério político na atuação da Sabesp.
22:33
“Vamos levar o programa Remédio Rápido, que implantamos na Prefeitura de São Paulo, para que não falte medicamentos nas UBSs e AMAs no interior de São Paulo”
João Doria (PSDB)
22:32 – Saúde: Doria quer parceria com hospitais privados para gestão; França fala em valorizar servidor
Na primeira pergunta do segundo bloco, com temas sorteados, João Doria fala em fechar parcerias com hospitais privados para consultoria de gestão a ser aplicada nos hospitais públicos. Márcio França quer valorizar o servidor público e ampliar a rede de AMEs para o ABC.
22:25
“Vou abrir os restaurantes Bom Prato aos finais de semana. Quero ampliar os restaurantes para todos os hospitais e universidades públicas”
Márcio França (PSB)
22:20 – França promete abrir AMEs aos finais de semana; Doria, ampliar o corujão
Os candidatos divergem sobre melhor estratégia para eliminar filas de exames e consultas. Para França, a prioridade é fazer com que as unidades de atendimento médico de especialidades (AME) fiquem abertas também aos finais de semana. Já Doria quer privilegiar o Corujão da Saúde, adotado por ele na cidade de São Paulo, que paga a entidades privadas para que façam esses exames nos horários de menor ocupação, como o fim da tarde e as madrugadas.
22:13 – Doria quer articulação com o Congresso para o fim de ‘saidinhas’
O candidato do PSDB, João Doria, se recusou a responder uma pergunta sobre uma queda de votos na cidade de São Paulo entre 2016, quando concorreu a prefeito, e 2018, no primeiro turno, por não considerar um debate sobre propostas. No lugar disso, prometeu comandar uma articulação com o Congresso Nacional para aprovar uma lei que proíba as saídas temporárias de presos do sistema penitenciário.
22:09 – França promete fazer policiais de SP serem os mais bem pagos do país
O candidato do PSB, Márcio França, prometeu que, se eleito, fará com que os policiais civis, militares e técnico-científicos de São Paulo, assim como os bombeiros, serão os mais bem pagos do país. Ele também relembrou a homenagem que fez a policial e deputada federal eleita Kátia Sastre (PR) que reagiu e executou um criminoso após um assalto e o fato de sua candidata a vice-governadora, coronel Eliane Nikoluk (PR), é uma policial militar.
22:04 – Começa o debate da TV Globo
O mediador César Tralli inicia o debate da TV Globo, entre João Doria e Márcio França. O debate terá quatro blocos. No primeiro, candidatos perguntarão entre si com tema livre.
21:52 – França e Doria farão campanha no interior nesta sexta
Ambos os candidatos vão ao interior do estado nesta sexta-feira, último dia útil da campanha neste segundo turno. Ao lado de Paulo Skaf (MDB), França visita uma escola do Senai em Sorocaba. Doria, por sua vez, vai a um camelódromo em Presidente Prudente.
21:42 – Datafolha: Doria e França estão tecnicamente empatados
A diferença entre os candidatos ao governo de São Paulo João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) caiu de seis para quatro pontos após uma semana, segundo pesquisa do instituto Datafolha divulgada na noite desta quinta-feira 25, estando os dois empatados na margem de erro, de dois pontos percentuais. Numericamente, Doria lidera com 52%, contra 48% do adversário do PSB.
21:30 – Ataques ou propostas?
Nos primeiros debates deste segundo turno, os candidatos João Doria e Márcio França levaram para os encontros a tensão da campanha, sobretudo no horário eleitoral gratuito, que colocou os postulantes distribuindo fortes ataques e acusações pessoais entre si, com poucas propostas. Nesta semana, durante o encontro no SBT, o clima mudou e o debate transcorreu em tom mais ameno. Há uma grande expectativa sobre qual será a posição dos candidatos nesta noite, sobretudo após a última pesquisa Datafolha, que mostrou uma redução da margem de vantagem de Doria de seis para quatro pontos.