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Ana Amélia aceita convite e será vice de Geraldo Alckmin

Indicada pelo Centrão, senadora gaúcha tomou decisão no fim da tarde desta quinta. Ao lado dela, Alckmin pretende retomar espaço no Sul

Por Edoardo Ghirotto e João Pedroso de Campos
Atualizado em 3 ago 2018, 19h03 - Publicado em 2 ago 2018, 18h01
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  • A senadora Ana Amélia (PP-RS), 73 anos, será a candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo lideranças dos partidos que compõem o chamado Centrão e do PSDB, o martelo foi batido nesta quinta-feira, 2, quando a pepista gaúcha aceitou o convite de Alckmin. Ela foi indicada pelo grupo, composto por PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade, para ser a companheira do tucano na disputa pela Presidência da República.

    O anúncio oficial da chapa será feito após PSDB e PP resolverem acordos regionais, como no Rio Grande do Sul, estado de Ana, onde os dois partidos têm candidatos ao governo do estado. A convenção que oficializará Alckmin como candidato tucano ao Palácio do Planalto está marcada para o sábado, 4, data em que ele pretende já ter sacramentado a senadora como vice.

    Geraldo Alckmin tinha Ana Amélia como nome preferido entre os que passaram a ser analisados como possíveis vices desde que o empresário Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, rejeitou compor chapa com ele. Nesta quarta-feira, o presidenciável declarou que a escolha estava entre sete nomes. Por fim, acabou escolhendo Ana Amélia, que disputou sua primeira eleição em 2010 e foi eleita ao Senado.

    O ex-deputado federal e ex-ministro Aldo Rebelo (SD) era um dos cotados para a vaga, assim como chegaram a ser ventilados, dentro do próprio PP, partido com maior bancada na Câmara entre os do Centrão, os nomes da vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho, e do empresário Benjamin Steinbruch, recém-filiado à legenda.

    O ex-ministro da Educação e deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE) e a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) também foram cogitados, mas sofreram resistência dentro do grupo de partidos porque já há um acordo entre as legendas para reconduzir o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao posto em 2019. Na visão das siglas, acumular a chefia da Casa e a vice-presidência seria “demais” aos demistas.

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    Ao lado de Ana Amélia, que inicialmente pretendia buscar se reeleger pra o Senado pelo Rio Grande do Sul, Geraldo Alckmin terá um trunfo para recuperar espaço nos estados do Sul do país. Conforme pesquisas de intenção de voto, o deputado federal Jair Bolsonaro, do PSL, e o senador Alvaro Dias, do Podemos do Paraná, lideram as pesquisas de intenção de voto na região, em cujos estados os candidatos tucanos ao Palácio do Planalto vem sendo os mais votados desde 2006.

    “Emparedado” entre o potencial eleitoral de Bolsonaro e Dias entre os sulistas e o avanço do candidato do PSL também em São Paulo, sua base eleitoral, Alckmin está estacionado nas pesquisas entre 6% e 7% das intenções de voto. Com o apoio recebido do Centrão na corrida presidencial, o ex-governador paulista aposta nos 40% do tempo da propaganda eleitoral em rádio e TV que terá à disposição para atrair os eleitores indecisos e chegar ao segundo turno.

    Conforme dados da mais recente pesquisa CNI/Ibope, divulgados nesta quinta-feira, 28% do eleitorado no país dizem não saber em quem votar e 31% afirmam anularão o voto. Os números foram apurados sem apresentar aos entrevistados os nomes dos candidatos à Presidência.

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    Conflito no RS

    Ao aceitar ser vice de Geraldo Alckmin, Ana Amélia terá que resolver um conflito dentro do PP gaúcho. O pré-candidato do partido ao governo do Rio Grande do Sul, deputado federal Luiz Carlos Heinze, declarou em julho apoio à candidatura de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Por outro lado, o PSDB tem como candidato ao Palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho, o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite.

    Concorrendo na chapa do tucano, a senadora também abrirá mão de uma reeleição ao Senado que se insinua tranquila para ela. A pepista lidera as pesquisas de intenção de voto às duas vagas de senador, segundo números do Paraná Pesquisas divulgados pelo Radar em junho. Ana Amélia tem 44% da preferência dos gaúchos, seguida pelo também senador Paulo Paim (PT), com 28,7%.

    Quem é Ana Amélia Lemos

    Nascida em 1945 no município de Lagoa Vermelha, no Nordeste gaúcho, Ana Amélia Lemos é jornalista, formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Em 2010, após 40 anos de profissão, ela deixou o jornalismo para disputar pela primeira vez um cargo eletivo. A pepista recebeu 3,4 milhões de votos e foi eleita senadora.

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    Em pouco menos de oito anos no Senado, Ana Amélia apresentou 91 Projetos de Lei e 14 Propostas de Emenda à Constituição (PECs), dos quais 4 viraram leis. Entre as propostas relatadas pela senadora, duas entraram em vigor.

    Filiada desde 2009 ao PP, partido que protagonizou, ao lado de PT e MDB, o esquema de corrupção na Petrobras, Ana Amélia aparece em uma planilha da Odebrecht, apreendida pela Polícia Federal, em que seu nome é vinculado a uma doação de 50.000 reais, na eleição de 2010, “a pedido do candidato”. O codinome atribuído a ela no documento é “Coluna”.

    Quando a planilha foi apreendida e veio à tona, Ana afirmou que “doações oriundas da empresa Braskem, subsidiária da Odebrecht e com atuação conhecida no Rio Grande do Sul, foram feitas ao Diretório Nacional do Partido Progressista e ao diretório Estadual do Partido Progressista (PP/RS), os quais repassaram valores para a minha conta de campanha ao Senado, em 2010. As doações estão devidamente registradas no Tribunal Regional Eleitoral com a prestação de contas aprovada, sem nenhuma ressalva”.

    A senadora não está entre os parlamentares investigados em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) a partir das delações premiadas de executivos da Odebrecht.

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