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Alvo de protestos, Toffoli diz que um Poder nāo pode retaliar o outro

Ministro do STF foi recebido em evento em São Paulo com vaias de manifestantes bolsonaristas

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 out 2019, 17h48 - Publicado em 30 out 2019, 15h28

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, afirmou nesta quarta-feira, 30, que um Poder não pode retaliar o outro. “Jair Bolsonaro, Rodrigo Maia, David Alcolumbre, Dias Toffoli, Raquel Dodge, hoje Augusto Aras (…), são pessoas que têm que sentar juntas para enfrentar e, com o apoio das instituições e compreensão da sociedade, temos que avançar as pautas de desenvolvimento do país, sem retaliar um ao outro”, disse o ministro em palestra em evento do jornal O Estado de S. Paulo no Parque do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo.

Enquanto discursava para uma plateia de empresários e agentes do mercado, Toffoli assistiu a um grupo de manifestantes que seguravam uma faixa com os dizeres “Hienas do STF”, do lado de fora do evento. A frase é uma referência ao vídeo publicado — e depois apagado — no Twitter oficial do presidente, que o compara a um leão acuado por hienas, que representavam o STF, a OAB, a ONU, o PSL, veículos de imprensa, entre outros.

Os manifestantes, em torno de trinta pessoas vestidas de verde e amarelo, ostentavam cartazes em defesa do ministro Sergio Moro e a favor da prisão a partir da segunda instância. Também gritavam palavras de ordem contra o Supremo e a mídia.

Apesar de os manifestantes estarem do lado de fora, era possível ouvir os gritos abafados de dentro da sala. Num dado momento, Toffoli chegou a dizer: “Se não gostou, pode criticar”. No momento em que o ministro deixou o local, uma parte do grupo bateu nos vidros do seu carro com cartazes. Uma outra parte do grupo hostilizou uma equipe da Rede Globo que cobria o evento.

Apesar de ter sido retirado da página do presidente, o vídeo provocou uma forte reação negativa, principalmente entre os ministros do Supremo. Celso de Mello escreveu que o “atrevimento presidencial parece não ter limites”, e Marco Aurélio sugeriu que o vídeo foi publicado como forma de desviar o foco das investigações contra o ex-assessor Fabricio Queiroz.

Cármen Lúcia, que também estava presente no evento de hoje, disse que não iria comentar o caso. Em sua palestra, a ministra lembrou que na sua gestão à frente do STF a questão da prisão antes do trânsito em julgado não foi pautada. Em seu discurso, Toffoli culpou a “cultura da litigância” como um problema do Judiciário, em que advogados ganham mais dinheiro à medida que conseguem arrastar os processos.

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