Alckmin quer liberar vacina da dengue em fase de teste
Intenção é motivada pela alta incidência da doença no Estado de São Paulo. Em menos de três meses, já são 67 mortes. Em todo o ano passado, foram 90
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), quer que o Instituto Butantã antecipe a produção em escala da vacina contra a dengue. Alckmin afirmou nesta semana que pedirá à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização especial para usar a vacina que ainda está em fase de testes, levando em conta a alta incidência da doença no Estado.
Em menos de três meses, são 67 mortes por complicações da doença neste ano no Estado. Em todo o ano passado, foram 90. Nesta sexta-feira, o Instituto Adolfo Lutz confirmou a terceira morte por dengue na capital paulista. A vítima é um homem de 35 anos, morador do bairro Pedreira, na zona sul.
De janeiro até 12 de março, a cidade de São Paulo contabilizou 2.339 casos confirmados de dengue, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde. O orgão informou ainda que 66% dos mais de 56.000 casos confirmados no Estado neste ano estão concentrados em apenas trinta dos 645 municípios paulistas.
Leia mais:
Sorocaba (SP) tem 10.000 novos casos de dengue em uma semana
Em um terço do estado, dengue supera total de 2014
MP pede suspensão de mosquito da dengue transgênico em Piracicaba (SP)
Trâmite – Em condições normais, seguindo todos os protocolos de biossegurança, a vacina só estaria pronta para ser usada na população no início de 2018. De acordo com o instituto, os testes em voluntários foram iniciados em 2013, com autorização da Anvisa.
Atualmente, é realizada a segunda fase dos testes, envolvendo 300 voluntários que são atendidos pelo Hospital das Clínicas de São Paulo. Cerca de 160 já receberam a vacina e outros 140 estão sendo recrutados. Essa fase deve terminar em 60 dias. Nela, é avaliada a segurança e a imunogenicidade da vacina.
Falta ainda a terceira etapa, com voluntários de todas as regiões do Brasil e de diferentes faixas etárias. Nessa fase, os testes, que foram iniciados em 2013 e, em condições normais, deveriam se estender até 2018, avaliam a eficácia da vacina. O Butantã informou que o período de cinco anos é necessário para verificar anualmente a resposta imunológica dos participantes.
Fabricantes – O imunizante é desenvolvido em parceria com o National Institutes of Health, dos Estados Unidos. A vacina americana, similar à brasileira, foi testada naquele país e ficou demonstrado que é segura, apresentando “poucos eventos adversos”, segundo o instituto.
Existe outra vacina no mercado, da francesa Sanofi. A empresa divulgou, em novembro de 2014, resultados de testes realizados com mais de 20 mil crianças e adolescentes da América Latina, inclusive do Brasil, segundo os quais foi capaz de prevenir, em média, 61% dos casos comuns de dengue e 95,5% dos casos graves. A empresa deve enviar os documentos para registro na Anvisa ainda neste semestre. A previsão é de que essa vacina possa ser usada na população no início de 2016.
A direção do Butantã não se pronunciou sobre a antecipação do uso da vacina. Em nota, a Anvisa informou que não recebeu pedido de registro até a última sexta-feira.
(Com Estadão Conteúdo)