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A romaria dos candidatos pela prefeitura de São Paulo

A estabilidade de Russomanno nas pesquisas acabou com a polarização PT-PSDB da disputa em São Paulo e levou os três primeiros candidatos nas pesquisas a gastarem sola de sapato para conquistar o eleitorado

Por Cida Alves, Thais Arbex e Carolina Freitas
1 set 2012, 14h26

O cozinheiro Antonio Ribeiro de Sousa, de 40 anos, sempre foi eleitor do PT. Neste ano, será diferente. Na última terça-feira, quando passava pela Avenida Santo Amaro, na zona sul da cidade, ele recebeu de Celso Russomanno uma foto autografada e prometeu votar no candidato do PRB para a prefeitura de São Paulo. “O Russomanno eu conheço”, explica. “O Haddad só estou vendo agora, na televisão, dizendo que é amigo do Lula. Mas o que ele foi mesmo?”, diz em referência ao afilhado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Haddad.

A estabilidade de Russomano na liderança das pesquisas contrariou as apostas das campanhas petista e tucana, que contavam com sua queda assim que começasse o horário eleitoral. E é gastando sola de sapato nas ruas que os candidatos estão correndo a atrás, voto a voto, da preferência do eleitorado.

Os três primeiros colocados na pesquisa percorreram, desde o início da campanha, em 6 de julho, uma média 30 bairros cada um (veja no infográfico). A 35 dias da eleição, os candidatos tentam manter seus redutos e roubar votos em território adversário daqueles eleitores que ainda não se decidiram.

Inicialmente, Russomanno cresceu graças às intenções de votos de pessoas como o cozinheiro Antonio de Sousa, que não conhecem a trajetória política e pessoal de Haddad e declaram votar em alguém mais “conhecido”. Mas esse cenário está mudando.

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Segundo pesquisa do Datafolha, Russomanno cresce agora “roubando” votos de Serra, que está em queda. Enquanto que Haddad alimenta seu crescimento com votos que tira do candidato do PRB. Segundo a pesquisa, Russomanno cresceu de 7% para 23% entre os simpatizantes do PSDB, enquanto que entre os petistas ele caiu de 33% para 29%. “O momento é de manter nosso território e enfrentar o exército de chão do PT”, afirma o deputado estadual Campos Machado, presidente do conselho político da coligação que tenta eleger Russomanno.

Apesar de o candidato negar ter uma estratégia especial nas ruas para compensar o pouco tempo de TV, o próximo passo da campanha será a “operação ocupa São Paulo”. Os 320 candidatos a vereador pela coligação foram convocados para, a partir deste sábado, trabalhar firme em suas bases pedindo votos para Russomanno.

Segundo levantamento da assessoria de imprensa do candidato, até a metade da campanha, Russomanno visitou 28 bairros para fazer corpo a corpo com eleitores, priorizando a zona sul e a central de São Paulo. Nas caminhadas, o candidato vai acompanhado de uma equipe de TV, que registra todos seus passos, e um grupo de assessores que distribui os santinhos para ele autografar e colhem os dados dos eleitores que abordam o candidato para contar algum problema.

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Também há fotos, muitas fotos. Até para quem não pede. “Já tirou foto comigo? Então está bom”, fala para o atendente de uma padaria. Todas as imagens vão parar no Facebook do candidato, que também aposta nas redes sociais para suprir os parcos minutos na TV – Russomanno tem 2min11s, cerca de 7% do total de tempo dedicado aos candidatos a prefeito.

Intimidade não falta no trato do eleitor quando encontra o candidato nas ruas. “Fala, Celsinho!”, gritam da porta de casas e comércios. E Russomanno prefere assim: “Candidato não, é muito impessoal. Pode me chamar de Celso”, diz para todos, inclusive jornalistas. O candidato para em cada loja durante as caminhadas e faz questão do contato físico com os eleitores que se aproximam. Pega nas mãos, olha nos olhos e pergunta como está o transporte, a saúde ou a educação no bairro.

No reduto inimigo – Tal proximidade é mais complicada nas caminhadas do tucano José Serra, que já visitou 31 bairros, alguns redutos petistas como Guaianases, na zona leste, e Parelheiros, na zona sul – região onde o candidato mais teve agendas de campanha.

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Com a entrada da TV Globo na cobertura diária da disputa eleitoral, o candidato intensificou sua agenda nas ruas. Sempre cercado por um séquito de assessores, seguranças e vereadores que querem aparecer ao seu lado, o candidato dá preferência por caminhadas em trajetos mais curtos e, quase sempre, em ritmo acelerado.

Em meio a tanta gente, os eleitores têm dificuldade para se aproximar e, não raro, se afastam sem conseguir uma foto com Serra. Quem consegue alcançar o tucano ouve gracejos sobre futebol, sobre o penteado ou algum conselho para cuidar da saúde.

Serra costuma fazer uma pausa no meio da caminhada para tomar água mineral ou cappuccino em uma lanchonete. Um grupo de quinze jovens o acompanha nas ruas. Com roupas esportivas e levando bandeiras da campanha, eles atuam como animadores e chegam aos locais antes de Serra para distribuir adesivos aos simpatizantes.

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Saindo do anonimato – O desconhecido ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que até então passava ileso pela maior cidade do país, começou a superar o anonimato. Haddad começou a sentir os efeitos dos dez primeiros dias da propaganda eleitoral no rádio e na televisão numa maior proximidade com o eleitorado, no cabelo desgrenhado e no terno desalinhado.

Graças às aparições ao lado do padrinho Lula nos programas de TV, o petista subiu seis pontos nas pesquisas eleitorais e agora tem 14% das intenções de votos, segundo o último Datafolha. A propaganda também fez seu índice de conhecimento saltar de 64% para 75% e aumentar de 21% para 40% sua intenção de voto entre os eleitores que manifestam predileção pelo PT – segmento em que o líder nas pesquisas, Celso Russomanno, perdeu 4 pontos percentuais.

Em 57 dias de campanha, Haddad percorreu 38 bairros, espalhados pelas cinco zonas da cidade. Durante a semana, o PT coloca o candidato para percorrer os centros comerciais. A estratégia é que, a cada semana, Haddad circule pela cidade inteira. Na rua, o roteiro é quase sempre o mesmo. Durante quarenta minutos, o petista distribui apertos de mãos aos comerciantes, posa para fotos com funcionários e para numa padaria em busca do tradicional “café pingado” de candidato. E mais: pede aos eleitores que assistam a seus programas na televisão.

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Tudo isso acompanhado por um carro de som, um painel eletrônico, uma locutora profissional, bandeiras, militantes e candidatos a vereadores da região – na avaliação da coordenação da campanha, os candidatos a uma vaga na Câmara Municipal representam o elo do candidato do ex-presidente Lula com as lideranças dos bairros. A quantidade de material e de pessoas que vão para as ruas é proporcional ao eleitorado petista do bairro.

“A ideia é que ele passe por todos os lugares de forma equilibrada”, diz o deputado Simão Pedro, responsável por organizar a agenda da campanha. Aos finais de semana, o PT investe em carreatas nas zonas periféricas, tradicionais redutos petistas. Normalmente, cem automóveis saem atrás de um carro de som em carreata pelo bairro. Termina com um pequeno comício. A partir do dia 15 de setembro, o partido começará a investir em comícios regionais. O primeiro deve acontecer no extremo sul da capital paulista.

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