A promessa de Rodrigo Pacheco para compensar o bilionário quinquênio
Presidente do Senado diz que também será votado um projeto que acaba com os supersalários, emperrado na Casa desde 2021
Dependendo dos interesses em jogo, há sempre espaço para driblar o ajuste fiscal. No último dia 17, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou uma proposta de emenda constitucional (PEC) que ressuscita o chamado quinquênio ao prever um aumento de 5%, a cada cinco anos, nos vencimentos de determinadas categorias da elite do funcionalismo público.
De autoria do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a PEC concedia o benefício em sua versão original apenas a juízes e integrantes do Ministério Público, mas, durante a tramitação, outras carreiras foram contempladas, como defensores públicos, advogados da União e delegados da Polícia Federal.
O texto já está em discussão no plenário do Senado e, se aprovado, terá de passar pelo crivo da Câmara dos Deputados. Segundo estimativa da Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado, a “PEC do Quinquênio” pode custar 81,6 bilhões de reais entre 2024 e 2026 — isso, claro, se a lista de beneficiários não aumentar. É muito dinheiro.
Para cumprir a meta fiscal de 2025, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá de conseguir 50 bilhões de reais em receitas extras. Além disso, com 80 bilhões de reais o governo banca metade do custo anual do Bolsa Família. A diferença é que o quinquênio deve engordar o contracheque de cerca de 38.000 servidores, enquanto o programa de transferência de renda sustenta 21 milhões de famílias.
Promessa de compensação
Diante da repercussão negativa do tema, o senador Rodrigo Pacheco reforçou uma antiga promessa e declarou que a “PEC do Quinquênio” só será promulgada caso seja aprovado também um projeto que pretende acabar com os supersalários ao regulamentar quais verbas estão sujeitas ao teto salarial do funcionalismo público. O quinquênio, por exemplo, não estará sujeito ao teto.
Pacheco alega que a economia decorrente do projeto será maior do que o gasto previsto pela PEC. Até agora, nada garante que isso ocorrerá. Primeiro, porque o relator do projeto dos supersalários, senador Eduardo Gomes (PL-TO), o mesmo que relatou o caso do quinquênio, ainda não apresentou seu parecer aos colegas. Sem o texto, não dá para saber o que do festival de auxílios, gratificações, penduricalhos e afins será submetido ao teto salarial do funcionalismo.
Há também a gritante diferença de empenho nos casos de criação ou corte de despesas. O projeto que pretende acabar com os supersalários foi aprovado pela Câmara em 2021 e desde então continua parado na CCJ do Senado.