A indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada de Washington
Thomas Traumann analisa os obstáculos que Jair Bolsonaro se impôs ao sugerir o nome do filho para o cargo
Você já entrou em uma briga que não pode perder? Sabe aquela nota alta na última prova de dezembro que pode decidir o destino do seu ano ou aquele jogo que pode definir o rebaixamento do seu time. Sensação desesperadora, né? Imagine alguém que se coloca numa posição dessas por querer, sem ter nenhuma vantagem óbvia.
É o caso do presidente Jair Bolsonaro ao pretender indicar o filho dele para o cargo de embaixador brasileiro em Washington. A nomeação de embaixadores não é automática, não é simplesmente um ato do presidente. Ela precisa de aprovação dos senadores em duas votações secretas. O indicado também passa por uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, que tem 17 integrantes, entre eles, gente casca-grossa como Jacques Wagner, Jarbas Vasconcelos, Kátia Abreu e Randolfe Rodrigues.
Outro obstáculo pode ser o dia da votação, que é decidido pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre. Que anda tendo algumas diferenças com o governo Bolsonaro.
Ao indicar Eduardo para o cargo de embaixador, os Bolsonaros estão fazendo uma coisa muito arriscada: precisar do apoio dos senadores em uma votação secreta. E para vencer, Jair terá que mendigar votos. Os senadores vão cobrar caro pelo apoio.