Netanyahu: acordo nuclear põe o Irã mais perto da bomba
Com o boicote de mais de 50 congressistas, o primeiro-ministro de Israel discursou no Congresso americano e afirmou que prefere nenhum acordo nuclear a um acordo ruim
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursou nessa terça-feira no Congresso dos Estados Unidos e criticou fortemente o acordo nuclear que os EUA e outras potências negociam com o Irã. Ele disse que Teerã possui “uma vasta infraestrutura nuclear”, e que o acordo em discussão é um erro que pode levar o Irã a se aproximar da fabricação da bomba nuclear. A alternativa a um “mau acordo”, disse ele, não era a guerra, mas sim um “bom acordo”.
Netanyahu foi convidado a falar pelo presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, sem consultar a Casa Branca. O fato provocou atritos com a administração do presidente Barack Obama e mais de 50 congressistas democratas boicotaram o discurso. Susan Rice, assessora de segurança da presidência, classificou a visita do primeiro-ministro como “destrutiva” para a relação bilateral. Apesar disso, o político israelense afirmou que não teve intenção de desrespeitar Obama.
Leia também
Obama diz que Netanyahu já se enganou sobre Irã
Julgamento de Netanyahu sobre Irã “não está correto”, diz Kerry
Durante seu discurso, Netanyahu falou sobre a ameaça que o regime iraniano representa não só para o seu país ou para o Oriente Médio, mas para todo o mundo. Citou alguns crimes já cometidos pelo país, tais como perseguição de jornalistas, financiamento de terroristas e execuções de prisioneiros e relembrou que já foram descobertas duas instalações nucleares no país das quais a ONU não tinha conhecimento.
Repetiu a frase já dita anteriormente por representantes do governo americano de que “nenhum acordo é melhor que um acordo ruim”, e afirmou que o pacto pretendido é negativo. “Nós estamos melhor sem ele”, disse. Para Netanyahu, o ideal é não permitir que o Irã tenha infraestrutura vasta e dar segurança aos países vizinhos, que atualmente se sentem ameaçados. “Todos nós devemos agir juntos para impedir a marcha de conquista, subjugação e terror do Irã”, acrescentou aos parlamentares americanos.
Caio Blinder – O show de Netanyahu em Washington
Nesta segunda, o presidente americano, em uma entrevista, disse que o primeiro-ministro israelense já se enganou no passado sobre os planos nucleares do Irã, e garantiu que não tem qualquer problema pessoal com ele. “Netanyahu fez todo o tipo de declarações” – afirmou Obama –, “ele disse que este será um acordo muito ruim. Que isto permitirá ao Irã recuperar 50 bilhões de dólares. Que o Irã não respeitará o acordo. Nada disto foi verificado”, concluiu. Em seu discurso de hoje, Netanyahu não comentou as declarações do presidente americano e o elogiou. “Apreciamos tudo o que o presidente Obama fez por Israel”, disse o premiê. “A notável aliança entre Israel e Estados Unidos sempre esteve acima da política, e deve permanecer sempre acima da política”, acrescentou o primeiro-ministro.
O discurso do primeiro-ministro feito em Washington não foi dirigido não só aos congressistas americanos, mas também à população de seu país. A menos de um mês das eleições em Israel, Netanyahu pretende deixar clara a sua posição em relação ao Irã e atrair mais votos para a reeleição da coligação que o sustenta.
Vídeo: Mundo Livre – A bomba iraniana e a rixa entre Obama e Netanyahu
Recepção – A deputada democrata Nancy Pelosi, uma das líderes do partido na Câmara, afirmou que o discurso de Netanyahu quase a levou às lágrimas. Em um comunicado, a congressista se disse “entristecida pelo insulto à inteligência dos Estados Unidos… e entristecida pelo tom condescendente” empregado pelo israelense. Segundo Pelosi, os EUA estão cientes da ameaça representada pelo Irã e têm “um compromisso inabalável com a segurança de Israel”.
(Da redação)