Derrota nas eleições estaduais põe pressão sobre o governo Merkel
O jornal 'Handelsblatt' indica que parte do povo alemão “acordou” para as inúmeras dificuldades que a massa de refugiados adiciona à sociedade e ao governo
Os críticos da política liberal para os refugiados da chanceler alemã, Angela Merkel, pedem para ela rever suas ações depois que eleitores de três Estados puniram sua coalizão conservadora e votaram em um partido anti-imigração que defende o fechamento das fronteiras do país. A União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão), de Merkel, perdeu apoio nas três eleições estaduais – no Estado industrial de Baden-Wuerttemberg, na região vinícola da Renânia-Palatinado e na Saxônia-Anhalt – na primeira votação que deu aos eleitores uma chance de reagir à política imigratória da chanceler.
O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AFD, na sigla em alemão), que tem uma posição severa em relação à imigração, ficou com cerca de um quarto dos votos na Saxônia-Anhalt, tornando-se o segundo partido mais votado no Estado, e também obteve resultados expressivos nas duas outras unidades federativas alemãs que tiveram eleições neste domingo. “O despertar” foi a manchete do jornal Handelsblatt desta segunda-feira, indicando que parte do povo alemão “acordou” para as inúmeras dificuldades que a massa de refugiados adiciona à sociedade.
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“Simplesmente continuar no mesmo caminho não é uma opção”, afirmou o principal jornal de negócios em seu editorial, referindo-se à crise dos refugiados, às preocupações a respeito de sua integração na Alemanha e à falta de respostas convincentes do CDU. A Alemanha recebeu 1,1 milhão de imigrantes em fuga do Oriente Médio, da África e de outras regiões no ano passado, e prevê a chegada de centenas de milhares mais em 2016, o que despertou temores entre alguns alemães de que seu país esteja sendo tomado por imigrantes com culturas muito diferentes da sua.
Coalizão dividida – O jornal de maior circulação no país, Bild, afirma em seu editorial desta segunda Merkel experimentou “uma derrota esmagadora neste domingo de eleições”, mas que provavelmente irá manter sua rota política e que o preço disso será uma coalizão conservadora profundamente dividida. Horst Seehofer, líder da União Social-Cristã da Baviera (CSU, na sigla em alemão), partido que integra a coalizão de Merkel, culpou a política imigratória da chanceler pelos resultados ruins dos conservadores nos pleitos estaduais. “Deveríamos dizer às pessoas que entendemos e que iremos lidar com as consequências do resultado destas eleições”, disse.
(Da redação)