Ausência de Kim em evento do partido aumenta mistério
Sem ser visto há mais de um mês, ditador não compareceu ao aniversário da legenda comunista, uma das datas mais importantes no calendário do regime
O ditador da Coreia do Norte Kim Jong-un não compareceu ao evento de aniversário do Partido dos Trabalhadores (o nome oficial do partido comunista norte-coreano) nesta sexta-feira, aumentando as especulações sobre o seu estado de saúde – e até sobre um possível golpe no país mais fechado do mundo. Kim não realiza uma aparição pública há mais de um mês, desde 3 de setembro.
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O nome do ditador não apareceu na lista oficial de autoridades presentes na comemoração pelos 69 anos do partido, uma das datas mais importantes no recheado calendário de eventos públicos da Coreia do Norte. Kim tampouco aparece na relação dos que foram visitar os corpos embalsamados dos dois últimos comandantes do país, Kim Jong-il, pai do atual ditador, e Kim Il-sung, seu avô. Desde que assumiu o poder, no final de 2011, Kim Jong-un sempre marcou a data de aniversário do partido com uma visita ao mausoléu de seus familiares.
Desde seu último ato público, o ditador deixou de prestigiar eventos importantes, entre eles uma reunião da Assembleia Suprema do Povo, que reuniu representantes do partido comunista que comanda o país e militares, e a celebração do 17º aniversário da eleição de seu pai como secretário-geral do partido.
Rumores – Nos primeiros dias de reclusão, as suspeitas giravam em torno do estado de saúde do ditador. No final de setembro, uma agência de notícias sul-coreana publicou que o ditador sofre de gota, doença que causa inflamação nas articulações e compromete os movimentos. Pouco depois foi divulgado que ele havia sido submetido a cirurgias nos tornozelos. Em um documentário veiculado no final de setembro, o tirano aparecia mancando em uma visita a uma fábrica. A imprensa oficial norte-coreana limitou-se a dizer que Kim estava sofrendo com um “incômodo”.
A estranha ausência de Kim, no entanto, já alimenta rumores de que o ditador possa estar sofrendo um golpe interno, seja por meio de uma revolta planejada ou por um modelo que o mantenha apenas como uma figura de proa. Essa é a aposta do desertor Jang Jin-sung, que atuou na propaganda norte-coreana quando Kim Jong-il estava no poder. “Ele se tornou líder supremo de maneira simbólica. Ele não herdou necessariamente toda lealdade, confiança, conexões, experiência. Ele chegou como um novato e sua posição no sistema não é a mesma”, avaliou Jang, em entrevista à rede americana CNN.
Por enquanto, porém, representantes dos Estados Unidos e da Coreia do Sul ainda não veem sinais de um golpe e acreditam que o ditador norte-coreano pode mesmo estar doente. Se ele estiver se recuperando da cirurgia, é fácil imaginar que a Coreia do Norte não queira divulgar a imagem do ditador fragilizado.
(Com agência EFE)