Na África do Sul, Obama não visitará Mandela no hospital
Presidente americano vai se encontrar apenas com a família do líder sul-africano
A Casa Branca confirmou neste sábado que Barack Obama não visitará Nelson Mandela no hospital. Em viagem oficial pelo continente africano, o presidente americano desembarcou em Pretória na noite de sexta-feira com a possibilidade de um encontro com o ícone antiapartheid ainda em aberto. Mas, diante do preocupante quadro clínico do líder sul-africano, internado há mais de vinte dias, a Casa Branca divulgou um comunicado oficial descartando a visita. “Em respeito à paz e ao conforto de Mandela e aos desejos da família, o casal Obama não passará pelo hospital”, diz a nota.
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Além da agenda oficial na África do Sul, que inclui reuniões com o presidente Jacob Zuma e com o arcebispo Desmond Tutu, Obama e Michelle terão um encontro privado com a família de Mandela.
Citado como uma inspiração pessoal e como um “herói de todo o mundo” pelo presidente americano, Mandela segue hospitalizado em estado crítico em Pretória. O herói da democratização sul-africana está internado há mais de vinte dias por causa de uma recorrente infecção pulmonar e respira com a ajuda de aparelhos. Na última atualização sobre seu quadro de saúde, o atual presidente Jacob Zuma afirmou que a condição de Mandela é estável.
Exploração política – Enquanto a África do Sul acompanha com apreensão as notícias sobre a saúde de seu herói nacional, centenas de pessoas continuam em vigília diante do hospital em que o ex-presidente está internado. Em Pretória, no entanto, surgem críticas sobre o que seria um uso político da comoção em torno do assunto. Segundo o jornal The Washington Post, muitos dos que prestam homenagens são jovens do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido governista, e usam camisetas com as cores do partido e a imagem de Zuma, que disputará a reeleição no ano que vem.
A piora no estado de saúde do ex-presidente ocorre em um momento em que o futuro do partido é incerto. A atual geração de líderes do ANC, incluindo Zuma, tem recebido críticas por ser considerada elitista e corrupta. Há também divisões profundas dentro do partido. Um ativista conhecido, Mamphela Ramphele, lançou recentemente um partido político chamado Agang que pode impor um desafio significativo ao ANC no ano que vem, ressalta o Washington Post. Membros do partido negam qualquer politização da internação de Mandela e dizem que as críticas são motivadas por questões políticas.