Anderson que se cuide: lutador fora de ritmo vira alvo fácil
Como em outros esportes de alto rendimento, atleta que volta a competir após longo afastamento costuma perder - um alerta para o astro brasileiro do UFC
“Já estava 100% recuperado, mas faltou ritmo de luta”, disse Shogun após ser derrotado por Jon Jones
Uma das frases mais famosas da interminável lista de chavões do futebol avisa: “Treino é treino, jogo é jogo”. O bordão, repetido à exaustão pelos treinadores, não deixa de ter sua razão, já que é comum ver um grande craque jogando mal depois de um longo período de afastamento. De acordo com os especialistas, o chamado “ritmo de jogo” é essencial, já que treinamento algum é capaz de simular as situações que acontecem em uma partida. Pode parecer estranho, mas o mesmo princípio se aplica ao MMA. É verdade que um lutador costuma participar de apenas três combates, em média, a cada ano. Ou seja: ao contrário de um jogador de futebol, que compete até duas vezes por semana, o atleta do MMA passa alguns meses sem travar um combate. Ainda assim, ficar afastado do octógono por períodos ainda maiores, por contusão ou suspensão (confira no quadro abaixo), costuma ser fatal para um lutador. O retrospecto recente de alguns dos maiores nomes do UFC comprova: quem luta com pouca frequência costuma perder, mesmo que em teoria seja superior ao adversário. É um alerta para Anderson Silva, que completará quase um ano fora de combate quando subir ao octógono para sua próxima luta, no fim de junho, contra Chael Sonnen.
O último desafio de Anderson foi em agosto do ano passado, no Rio, contra Yushin Okami – desde então, ele trata de uma lesão no ombro e tenta recuperar sua melhor forma. Outro ídolo que está longe dos octógonos há muito tempo é Georges St-Pierre, canadense que não luta há quase um ano. Anderson e St-Pierre são dois dos melhores lutadores de MMA de todos os tempos, mas precisam tomar cuidado – de acordo com os especialistas, o longo período de inatividade reduz o favoritismo de qualquer campeão. Segundo os treinadores da modalidade, isso acontece porque só um combate real é capaz de deixar o atleta com o “tempo de luta” correto. A expressão se refere à precisão dos golpes, ao timing para desferir um soco no momento exato, à percepção aguçada de quais serão as reações do adversário. Isso sem falar no condicionamento físico, essencial para um lutador superar o inimigo. Em alguns casos, o atleta está clinicamente recuperado, mas ainda fora de sua condição ideal. Foi o que aconteceu com Maurício Shogun no combate em que foi derrotado pelo americano Jon Jones. “Já estava 100% recuperado, mas faltou ritmo de luta”, disse o brasileiro. Jones superou Shogun, tirou o cinturão do brasileiro e agora defende o título – ele luta no próximo sábado, contra Rashad Evans. No fim de semana, outro brasileiro parece ter sido prejudicado pela falta de ritmo. Lutando no primeiro UFC realizado na Suécia, Thiago Silva foi derrotado por Alexander Gustafsson. Thiago passou um ano fora do octógono – estava suspenso por doping.
Leia também:
Reality show do UFC acirra rivalidade entre os confinados
Na estreia do UFC na Suécia, nenhum brasileiro vence
UFC: lutadores imitam ‘discurso de boleiro’ e só se repetem
“Cigano é um artista do nocaute”, diz Dana White