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Transparência Internacional pede que Fifa adie votação de sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, na quinta-feira

Por The New York Times
1 dez 2010, 14h38

Ainda que o futebol seja o esporte mais popular do planeta, a Fifa é um grupo insular, que não é regulada por ninguém. Ela tem sido criticada com frequência pelo modo pouco claro como conduz seus negócios

Seguidas denúncias de corrupção envolvendo altos funcionários da Fifa colocaram em dúvida a integridade das votações de quinta-feira, na Suíça, que decidirão os anfitriões dos Mundiais de 2018 e 2022. O braço suíço da Transparência Internacional, uma organização anti-corrupção, pediu que as eleições sejam adiadas até que se esclareça toda a série de denúncias recentes de suborno publicadas e difundidas pelos meios de comunicação europeus.

“Essas suspeitas trouxeram descrédito para os processos de tomada de decisões da Fifa. Uma definição nas atuais circunstâncias colocaria mais combustível à controvérsia”, disse a Transparência Internacional em comunicado. A Fifa, com sede em Zurique, não deu nenhuma indicação que aceitaria adiar a votação de quinta-feira.

Ainda que o futebol seja o esporte mais popular do planeta, a Fifa é um grupo insular, que não segue a regulação de nenhuma organização, mesmo quando organiza um torneio de bilhões de dólares em direitos de transmissão, cotas de patrocínio e vendas de ingressos. Ela tem sido criticada com frequência pelo modo pouco claro como conduz seus negócios.

Cecilia Keaveney, uma política irlandesa e presidente do comitê de juventude e esporte do Conselho Europeu, renovou na terça-feira seu pedido por uma agência independente anti-corrupção para supervisionar o esporte mundial. Sua função seria semelhante à forma como a agência mundial anti-doping (Wada, na sigla em inglês) monitora o uso internacional de substâncias proibidas para melhorar o desempenho.

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Perguntada se consideraria a votação de quinta-feira legítima, Cecilia disse, em entrevista por telefone, que “gostaria de ver mais transparência na forma como as decisões são tomadas”. Ela acrescentou: “Quando você tem alegações que tocam em muitas questões sérias, o problema é saber se a definição das sedes da Copa do Mundo é dada pelas razões certas ou pelas razões erradas”.

Sob suspeita – Internacionalmente, a popularidade do futebol tem sido manchada por seguidos escândalos envolvendo apostas, corrupção e resultados combinados. Por exemplo: uma tentativa de combinação de resultados descoberta em outubro na Alemanha poderia envolver a manipulação de 300 partidas em 15 países europeus, de acordo com as autoridades.

A Copa de 2018 será definida entre concorrentes europeus – Bélgica/Holanda, Portugal/Espanha, Inglaterra ou Rússia. Os Estados Unidos, que sediaram a Copa de 1994, disputam o torneio de 2022 contra Austrália, Japão, Catar e Coréia do Sul. A votação será definida por 22 dos 24 integrantes do comitê executivo da Fifa.

O escândalo mais recente de corrupção surgiu em meados de outubro, quando repórteres do The Sunday Times, de Londres, passando-se por lobistas de interesses comerciais dos Estados Unidos, informaram que dois membros do comitê executivo se ofereceram para vender seus votos. Depois das revelações, Amos Adamu, da Nigéria, e Reynald Temarii, do Tahiti, foram barrados e multados pela Fifa.

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Um ex-secretário-geral da Fifa, Michel Zen-Ruffinen, também teria dito ao Sunday Times (enquanto era filmado secretamente) os nomes de autoridades que poderiam ser subornadas. Também disse ao jornal que os envolvidos na candidatura conjunta de Portugal e Espanha para 2018 e do Catar para 2022 concordaram em se unir para trocar votos e melhorar suas chances. Os funcionários negaram qualquer conluio e a Fifa disse que não encontrou provas.

Taxas de transmissão – As acusações de corrupção, porém, continuaram. Na segunda-feira, o programa da BBC Panorama informou que três outros membros do comitê executivo da Fifa – Ricardo Teixeira, do Brasil, Issa Hayatou, de Camarões, e Nicolas Leoz, do Paraguai – receberam propinas entre 1989 e 1999 do braço de marketing da organização de futebol, conhecido como International Sports and Leisure, ou ISL.

O braço de marketing, agora extinto, foi à falência em 2001, em um escândalo envolvendo denúncias de propinas sobre direitos de taxas internacionais de transmissão de televisão. Andrew Jennings, o repórter investigativo britânico cuja pesquisa foi a espinha dorsal do programa Panorama, afirmou na terça-feira que um documento confidencial indica que, no total, a ISL fez 175 pagamentos no valor de 100 milhões de dólares.

A Fifa disse que não irá apurar as acusações do programa, observando que o caso de fraude foi investigado pelas autoridades suíças em 2008 e que nenhum funcionário do órgão que rege o futebol enfrentou acusações criminais. O Panorama alegou também que Jack Warner, membro do comitê executivo da Fifa de Trinidad e Tobago, havia pedido 84.240 dólares em ingressos para a Copa do Mundo da África do Sul para revender com lucro, mas que o negócio não deu certo.

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Declan Hill, um jornalista investigativo canadense, considerado autoridade em matéria de corrupção no esporte, disse na terça-feira que as recentes denúncias de irregularidades contra seis dos 24 membros do comitê executivo da Fifa irá tornar a votação de quinta-feira sem sentido. Ele também sugeriu que as eleições fossem adiadas. “Pode haver alguns moradores do deserto de Kalahari que ainda pensam que o processo da Fifa tem credibilidade”, provocou Hill.

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