Orientação vocacional: especialista vai esclarecer dúvidas de leitores
Maria da Luz Calegari vai responder a perguntas nas próximas cinco semanas. Faça o teste on-line gratuito e envie suas dúvidas
Durante as próximas cinco semanas, os leitores de VEJA.com poderão receber uma orientação personalizada para guiá-los na escolha da profissão. A orientadora de carreiras Maria da Luz Calegari, autora do livro Temperamento e Carreira, vai responder a dúvidas enviadas por profissionais que planejam mudanças de rota e também por vestibulandos que se preparam para iniciar a jornada. A cada semana, três questões serão respondidas. “Vamos selecionar as dúvidas mais recorrentes, que possam ilustrar as angústias de quem vive essa situação, e oferecer respostas aprofundadas que forneçam mais elementos para a decisão de cada um”, diz Maria da Luz.
Para enviar sua dúvida, siga os seguintes passos:
1. faça o teste vocacional on-line gratuito desenvolvido por Maria da Luz: ele vai apontar seu temperamento (perfil psicológico) e o grupo de profissões mais adequado a ele
2. preencha o formulário exibido abaixo, informando o temperamento apontado pelo teste e sua dúvida
As dúvidas selecionadas serão respondidas pela especialista e publicadas às quintas-feiras na página de Carreiras de VEJA.com
A modalidade de aconselhamento adotada por Maria da Luz não se apoia na noção trivial de temperamento: explosivo, brando etc. Ela parte da teoria do psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) para identificar nos indivíduos um dos quatro tipos psicológicos definidos pelo conjunto de características pessoais: idealista, cerebral, guardião e artesão. “O temperamento é a espinha dorsal da personalidade. É um conjunto de inclinações inatas e imutáveis relacionadas à forma como percebemos o mundo, as situações e as pessoas. A partir disso, fazemos escolhas. A identificação do temperamento revela ainda nossos valores, vocação e habilidades”, diz a especialista. O teste vocacional é o primeiro passo na tarefa de descobrir afinidades com uma carreira. Para aprofundar o estudo, é necessária uma avaliação personalizada, como a que será feita por Maria da Luz. Na entrevista a seguir, a especialista fala sobre o método:
Qual é o primeiro passo para a escolha de uma carreira? Depende do ponto de partida de cada um. Em geral, há três tipos de situação. Na primeira, a pessoa já sabe o que quer ser na vida. Neste caso, é importante encontrar-se com profissionais da área para conhecer como a carreira funciona na vida real e quais são as perspectivas. Na segunda, o jovem chega às portas do vestibular sem saber bem o que quer, geralmente por desconhecer as possibilidades de autorrealização que o mundo do trabalho oferece. Nesse caso, é preciso pesquisar. Finalmente, no terceiro ponto de partida, o jovem não consegue se decidir por uma carreira porque tem um leque grande de opções e teme errar na escolha. A orientação vocacional é especialmente útil no último caso.
O que é exatamente o “temperamento” apontado pelo teste vocacional? É algo que já nasce conosco ou é moldado ao longo do tempo? O temperamento é a espinha dorsal da personalidade. É um conjunto de inclinações inatas e imutáveis relacionadas à forma como percebemos o mundo, as situações e as pessoas. A partir disso, fazemos escolhas. A identificação do temperamento revela ainda nossos valores, vocação e habilidades. Em outras palavras, o temperamento é o modo como utilizamos os hemisférios esquerdo e direito do cérebro. A predisposição já é notável na infância, mas somente se define completamente no final da adolescência. Obviamente, o ambiente exerce influência sobre o nosso temperamento e tanto pode atenuar como fortalecer algumas características inatas. No entanto, nunca será capaz de anulá-las.
Existe diferença entre talento e vocação? Sim, talentos são dons com os quais a pessoa já nasce: é aquilo que fazemos bem, naturalmente e sem dificuldade. Reconhecemos facilmente um talento musical ou literário, por exemplo. Já vocação é um chamado interior, algo que nos faz vibrar, nos gratifica, mesmo que a profissão não seja muito reconhecida ou rentável. Professores do ensino público estão aí para confirmar isso.
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Em geral, quais são os principais erros na hora de escolher uma carreira? Em primeiro lugar, deixar-se influenciar pelos pais, amigos ou professores. A influência paterna, como já constatei em muitos trabalhos de aconselhamento, é a mais perigosa. Orientei diversos jovens perdidos e infelizes, que haviam errado na escolha profissional por quererem agradar aos pais. É preciso saber dizer “não” às pressões familiares. Outro equívoco é escolher uma carreira porque ela está em alta, traz prestígio ou remuneração elevada. Não que isso não deva ser levando em consideração, mas não pode ser o fator preponderante da decisão. O mercado de trabalho muda continuamente: carreiras que estão em alta hoje poderão estar em queda livre daqui a cinco ou dez anos.
Como a senhora escolheu se tornar orientadora de carreiras? Foi um longo processo. Em meados da década de 1960, prestei vestibular para jornalismo, direito e pedagogia. Apesar de serem três áreas bem diferentes, estavam todas alinhadas com os meus talentos naturais. Passei nos três processos seletivos e optei por cursar jornalismo e pedagogia concomitantemente. Por mais de três décadas, trabalhei no mundo corporativo, na imprensa especializada e no ensino superior. Finalmente, no início de década de 1990, passei a me dedicar ao estudo dos temperamentos humanos. Em 1999, obtive qualificação para aplicar um dos mais reconhecidos inventários de personalidade do mundo, o Myers-Briggs Type Indicator (MBTI). No mesmo ano, iniciei atividades de aconselhamento de carreira e, desde então, venho aprofundando meus estudos sobre tipos psicológicos. Realizar orientação vocacional foi uma forma de unir meus talentos e experiências para ajudar os outros.