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Mostra escaneia e defende o luxo

Laurence Picot, que estudou catorze produtos do ramo durante 20 anos, traz ao Brasil a exposição 'LuxInside – As Marcas do Homem', que apresenta o interior de objetos de luxo e o que faz dele diferente de (e melhor que) um produto qualquer de grife

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 ago 2013, 21h02

Para a jornalista e pesquisadora francesa Laurence Picot, não basta um produto ter uma etiqueta de marca famosa e custar alguns milhares – ou milhões – de dólares para ser de luxo. Laurence, que passou 20 anos estudando essa indústria enquanto escrevia sobre o assunto para publicações como o jornal Le Monde e a revista semanal Paris Match, é uma das cabeças por trás da exposição LuxInside – As Marcas do Homem, que já passou por Paris, Macau e Buenos Aires e entrou em cartaz na última terça no hotel Sofitel, no Rio de Janeiro. A intenção da mostra é deixar claro para o público qual a diferença entre simples objetos caros e artigos da verdadeira indústria de luxo, que movimentou 212 bilhões de euros só em 2012.

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Para Laurence, dois aspectos são marcantes nos produtos de luxo: o conhecimento específico usado na fabricação daquele produto, que é transmitido de geração a geração, e a inovação que ele carrega. Como exemplo, a pesquisadora lembra o isqueiro da marca Dupont que foi o primeiro a ter o tanque de gás completamente vedado, medida pensada para evitar vazamentos e permitir um controle maior do gás liberado, logo adotada pela concorrência. Ela também destaca o copo de água da marca Saint Louis, em que o trabalho humano é facilmente identificado, uma vez que sua cavidade é formada a partir do sopro de um artesão.

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De acordo com Laurence, a confusão que as pessoas fazem entre os conceitos de peça de luxo e de preço elevado é resultado das ações de marketing e comunicação, que de alguma forma substituíram, no imaginário do consumidor, o valor positivo da qualidade do produto pelo preço estratosférico que ele possa ter. “Nós temos dificuldade para diferenciar uma coisa da outra porque atualmente só falamos sobre a imagem de um produto, não ad sua qualidade ou da sua função”, disse a pesquisadora ao site de VEJA. Ela lembra que a maior parte das marcas tem duas linhas de produtos, uma verdadeiramente luxuosa, com qualidade superior, e outra produzida em larga escala, com materiais menos resistentes.

Segundo ela, a proliferação das marcas abalou a indústria de luxo, o que afetou três milhões de pessoas em dez anos na França. Com o mercado em franco crescimento, os processos foram automatizados, tirando empregos e descaracterizando os artigos de luxo. “Vi uma mudança desde 1996, quando percebi que o fato de vendermos cada vez mais produtos fez com que o trabalho fosse dado a cada vez menos pessoas.”

Ela observa um movimento interessante no mercado de luxo: quando a economia de um país está em crise, sua indústria de produtos luxuosos cresce, porque as pessoas estão preocupadas em comprar artigos que tenham uma qualidade excepcional e durem por mais tempo.

Arte e luxo – A ênfase no trabalho humano que Laurence dá a artigos dessa indústria não deve ser confundida com arte, no entanto. Para ela, esses objetos não têm status de arte, já que possuem uma função, servem às pessoas. Além disso, peças artísticas geralmente são únicas ou feitas em pequenas edições, o contrário dos produtos luxuosos. “O artigo de luxo único até se aproxima da arte, mas o produto da indústria, não. Você pode reproduzi-lo quantas vezes o cliente quiser comprar.”

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Da mesma forma, obras também não são consideradas artigos de luxo por Laurence, ainda que algumas sejam vendidas por preços salgados em leilões. “Uma peça de arte que é vendida por um alto preço não passa a ser um produto de luxo simplesmente porque foi cara.”

Mostra – A pesquisadora uniu forças com o médico radiologista Jean-François Paul, o designer de software Sylvain Ordueau e o artista Ricardo Escobar para criar catorze imagens que mostram objetos de luxo por dentro, com o auxílio de um scanner médico. “Quando você viaja por um objeto, encontra todas as pequenas coisas que compõem o produto. Em produtos de luxo, nunca vemos o trabalho, é tudo perfeito do lado de fora.”

De acordo com Laurence, isso é um reflexo do quão secreta é a indústria do luxo. “Um dos princípios do luxo é ser secreto, porque a indústria quer manter em segredo o conhecimento sobre como fazer determinado produto e também porque o mistério faz parte do imaginário sobre isso”, disse.

A exposição LuxInside fica no Rio de Janeiro até o dia 20 de setembro e segue para São Paulo no dia 1º de outubro, no Citroën Experience Center. A agenda posterior da mostra ainda não está definida, mas, de acordo com Laurence, não deve passar por outras cidades brasileiras.

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