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Bling Ring, a gangue dos ladrões de status

Adolescentes que assaltaram mansões de famosos em Los Angeles entre 2008 e 2009 são tema do novo filme da cineasta Sofia Coppola, 'Bling Ring: A Gangue de Hollywood', que estreia na sexta-feira no Brasil

Por Carol Nogueira
11 ago 2013, 09h28

Entre outubro de 2008 e agosto de 2009, mansões de famosas como Paris Hilton, Megan Fox e Lindsay Lohan foram invadidas em Los Angeles, em ações criminosas que resultaram na subtração de mais de 3 milhões de dólares em roupas, sapatos e joias. Os roubos não foram praticados por ladrões convencionais, mas por sete adolescentes de classe média longe de qualquer suspeita que queriam, simplesmente, vestir-se igual aos “ídolos”. A história da gangue, que ficou conhecida como Bling Ring nos Estados Unidos, é contada agora pelo filme Bling Ring – A Gangue de Hollywood, de Sofia Coppola, com estreia marcada para a próxima sexta-feira no Brasil, e pelo livro de mesmo nome, recém-lançado pela americana Nancy Jo Sales, a jornalista que assinou a principal reportagem sobre a gangue (Os Suspeitos Usavam Louboutins), publicada em 2010 pela revista americana Vanity Fair.

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O filme recebeu críticas mistas nos Estados Unidos, mas é o tipo de longa que costuma angariar popularidade com o tempo – é poss��vel até que venha a ter um status “cult”. Isso porque Sofia, que já provou o seu talento em produções como Encontros e Desencontros e Maria Antonieta, conseguiu retratar não apenas a louca história da gangue, mas também os fatores sociais que motivaram os adolescentes a cometer crimes tão tolos. “Queríamos ter o estilo de vida dessas celebridades. É o estilo de vida que todos querem ter”, disse em depoimento a Nancy Jo Sales um dos integrantes da gangue, Nick Prugo, em frase que é usada também no filme – no qual Nick reaparece como o personagem Marc, interpretado pelo ator Israel Broussard. A frase escancara a relação dos crimes com a tão atual obsessão pela fama e pelo luxo, algo que é criticado com sutileza certeira por Sofia Coppola.

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O mesmo se depreende da entrevista dada à jornalista da Vanity Fair por Alexis Neiers (que no filme virou Nicki, papel de Emma Watson). Em uma de suas declarações, também reproduzida no longa, ela diz não acreditar que “Deus” tenha lhe feito “tão bonita sem motivo” e que ela tinha certeza de “estar destinada a uma causa maior”. Na sequência, porém, ela lança uma pista enganosa: diz que essa causa pode ser “algum tipo de caridade”. Não se deixe enganar: os membros da Bling Ring não são Robin Hoods modernos. Seus roubos eram exclusivamente para benefício próprio – as “conquistas” eram exibidas como troféus nas redes sociais para fazer inveja aos amigos -, e muito do dinheiro foi usado em festas e drogas.

Descobertos, noticiados e enquadrados pela justiça, em veredictos que foram de três anos de liberdade condicional à detenção de um ano e quatro meses atribuída à líder do grupo, Rachel Lee, os adolescentes tinham tudo para mergulhar em um processo de reflexão e redenção. Em vez disso, foram engolidos pela indústria da fama. Viraram celebridades. Veja o caso de Alexis Neiers, por exemplo. Ela foi condenada a seis meses de cadeia, mais três anos de liberdade condicional, e teve de restituir 600 000 dólares ao ator Orlando Bloom, uma de suas vítimas. Solta após 30 dias, no entanto, a menina não se afastou de seu foco de problemas: ela, isso sim, transformou a sua vida em um reality show do canal E!, Pretty Wild. Até hoje, há sites de celebridades seguindo os passos dela e do marido, o empresário Evan Haines, que ela conheceu em uma reunião dos Alcoólicos Anônimos.

Os integrantes da gangue Bling Ring em fotos tiradas pela polícia
Os integrantes da gangue Bling Ring em fotos tiradas pela polícia (VEJA)

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Ladrões de Louboutin – Nos Estados Unidos, Nancy Jo Sales, 46 anos, fez carreira como jornalista especializada em reportagens sobre crianças e adolescentes, algumas delas publicadas no jornal The New York Times. Quando surgiu no noticiário, a história da Bling Ring parecia talhada para ela. “Um amigo me disse: ‘Essa história é a sua cara, Nancy Jo'”, conta. Poucos meses depois, ela entrevistaria os adolescentes que integraram a gangue – todos, menos Rachel Lee, considerada a “mandante”, que se recusa a dar entrevistas – e escreveria uma reportagem icônica para a revista Vanity Fair.

A reportagem, agora expandida para o livro Bling Ring: A Gangue de Hollywood (tradução de Andrea Gottlieb, Cláudio Figueiredo e Lourdes Sette, Intrínseca, 272 páginas, 24,90 reais), já entre os vinte títulos de não-ficção mais vendidos do país, chamou a atenção da diretora Sofia Coppola. Nancy Jo ajudou a cineasta a roteirizar o filme, e a pedido dela, aproveitou sobras do material coletado para a reportagem para fazer um livro, complementado por estudos que casam com o tema.

Para a autora, vários fatores levaram os jovens a cometer os crimes. Entre eles, a parte da imprensa voltada a perseguir famosos, a hipersexualização da juventude atual e o fato de vivermos em um mundo em que não é mais preciso fazer algo relevante para tornar-se uma celebridade. “Antigamente, só atores e políticos tinham uma imagem pública. Hoje, todos temos personas nas redes sociais. Isso não pode ser uma coisa boa”, afirma. Mas a jornalista também cita razões mais prosaicas — e interessantes. Diz, por exemplo, que as meninas da Bling Ring não viam problema em pegar as roupas de gente como Paris Hilton, porque se achavam melhores que ela.

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