PSDB e DEM engrossam grupo que acionará Procuradoria contra Cunha
Siglas se unem a PPS, Rede e Psol em requerimento pelo afastamento do presidente da Câmara. Eles informaram ao peemedebista que vão obstruir votações
Líderes de partidos de oposição decidiram acionar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre as manobras do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para evitar o andamento do processo interno que pode resultar na cassação de seu mandato. O PSDB e o DEM aderiram nesta terça-feira à proposta defendida por PPS, Rede e Psol e vão pessoalmente ao Ministério Público nesta quarta-feira entregar um ofício a Janot com informações sobre as manobras de Cunha.
Os deputados desses partidos também decidiram não participar mais da reunião do colégio de líderes, além de evitar o quórum e obstruir as votações no plenário da Câmara – o movimento vai poupar as sessões do Congresso Nacional. O peemedebista foi formalmente informado da decisão pelos próprios líderes, que abandonaram a reunião com o presidente da Casa na sequência. Segundo parlamentares, Cunha reagiu com indiferença.
A tese defendida pelos líderes dos partidos é a de que Cunha e aliados, ao tentarem obstruir o funcionamento do Conselho de Ética, atrapalham a produção de provas que eventualmente poderiam subsidiar o inquérito criminal contra Cunha no Supremo Tribunal Federal. Na semana passada, a sessão do conselho foi suspensa e cancelada por ação direta de Cunha e sua tropa de choque. “O que a gente vivenciou na semana passada foi um divisor de águas para dar um basta numa situação de intransigência e de chantagem, de se fazer caça às bruxas”, disse a deputada Eliziane Gama (Rede-MA).
Entre os fatos que devem constar na representação ao procurador-geral estão a exoneração de servidores do setor de informática, após a revelação de que requerimentos citados na Lava Jato tinham registro com nome de Cunha, e a falta de espaço físico para funcionamento do Conselho de Ética.
“Ele não mede as consequências quando está em jogo a sua defesa pessoal. Isso é uma coisa que depõe contra a Casa, um comportamento vil e mesquinho, que não combina com o decoro”, disse Carlos Sampaio, líder do PSDB. “Esse não é mais um movimento das oposições, mas de todos aqueles que estão indignados com a postura do presidente, é suprapartidário. É um posicionamento daqueles que se aviltaram com esse proceder nefasto que o presidente da Câmara vem tendo.”