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PM mentiu sobre reforço na escolta de traficante em hospital do Rio

Em entrevista coletiva, sub- chefe do Estado Maior da corporação informou que Fat Family estava sendo escoltado por cinco policiais, mas investigações indicam que havia apenas dois no momento do ataque

Por Leslie Leitão 20 jun 2016, 18h56

A Polícia Militar mentiu ao falar sobre o reforço na equipe que fazia a custódia do traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, resgatado por criminosos na madrugada do último domingo. De acordo com o subchefe do Estado Maior operacional, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, houve um ‘reforço de cinco policiais’ no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro da cidade. As investigações da Polícia Civil, no entanto, desmentem esta versão. De acordo com investigadores, apenas dois policiais faziam a escolta do criminoso, que estava internado na sala 610 da enfermaria, na unidade de ortopedia. Havia, de fato, mais três PMs dentro do hospital: um na sala de operação (no térreo) e outros dois que faziam a custódia de um outro preso, também no sexto andar, mas em outra parte do corredor.

No fim da tarde de hoje, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, repetiu a informação passada pela PM, de que cinco policiais eram responsáveis pela custódia do criminoso.

Mas investigadores da Polícia Civil ouvidos pelo site de VEJA garantem que o número passado pelas autoridades está inflado: “Os outros policiais que estão contando aí como reforço da escolta do Fat Family não tinham essa função. E alguns que estavam no plantão daquela noite sequer sabiam do plano de resgate interceptado e alertado pela Dcod. Por coincidência, havia dois outros PM no mesmo andar, mas em outro lado, na sala 603”, contou o agente.

Como o site de VEJA já havia mostrado ontem, o alerta de que havia um plano para resgatar o criminoso foi dado por volta das 20h de quinta-feira, dia 16. Todos os órgãos de inteligência (das polícias Militar, Civil e Secretaria de Segurança) foram alertados pela Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), mesma equipe que havia prendido Fat Family três dias antes, no Morro Santo Amaro, no Catete. Na mesma noite de quinta-feira, o comando do 5oBPM (Praça da Harmonia), responsável pelo policiamento na área do Souza Aguiar, chegou a enviar duas equipes para a porta da unidade. Os carros ficaram parados com o reforço até cerca de 8 horas da manhã de sexta-feira. “Os dois PMs que estavam na escolta do Fat Family naquela noite foram informados de que havia um risco de tentativa de resgate”, contou um outro agente.

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No sábado, dia 18, o supervisor de dia do batalhão da área, tenente Rego, chegou a manifestar insatisfação com o fato de um traficante perigoso estar sendo custodiado por apenas dois homens. O oficial esteve três vezes no hospital: de manhã, à tarde e depois à noite. O oficial chegou pouco antes da meia noite e teria ficado até pouco depois das 2 horas da madrugada de domingo.

“Vou perturbar o coronel para reforçar esse negocio aqui”, chegou a dizer o oficial dentro do Souza Aguiar.

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Não deu tempo. Por volta das 3h15, pelo menos 20 bandidos do Comando Vermelho atacaram o hospital com fuzis e granadas – mais de 40 disparos atingiram as paredes da unidade – e deixaram um rastro de destruição, matando o segurança de uma boate – Ronaldo Luiz Marriel, de 35 anos, e ferindo outras duas, entre elas o técnico de enfermagem Julio César dos Santos Basílio, que segue internado.

O entra e sai no Souza Aguiar, por sinal, está sem controle, segundo funcionários contaram à polícia. Tanto que no próprio sábado, 12 horas antes do resgate, uma advogada do traficante esteve no hospital visitando seu cliente e só se identificou quando já estava no andar da enfermaria. A secretaria municipal de Saúde contesta esta informação e afirma que “os vigilantes estão trabalhando normalmente”, e que “quem faz o controle e a identificação de quem visita os pacientes custodiados são os PMs da custódia. Se a advogada ou qualquer outra pessoa tem acesso indevido ao preso, isso é responsabilidade dos policiais, não do hospital”.

Transferência de presos – Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, José Mariano Beltrame afirmou que onze presos ligados ao Comando Vermelho serão transferidos para presídios federais. Entre os presos que serão transferidos, está Edson Pereira Firmino de Jesus, o Zaca, tio do traficante Fat Family. Zaca já deve sua transferência do Instituto Penal Vicente Piragibe para a Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino (Bangu I) determinada pela Justiça do Rio na manhã desta segunda em caráter de urgência.

Durante a coletiva, o secretário destacou a importância de ampliar a operação de hospitais penitenciários para evitar um “verdadeiro turismo” de presos feridos pela cidade. “Ontem mesmo encaminhei um oficio ao governador para que, por favor, coloque em funcionamento um hospital penitenciário para que a polícia possa lá deixar essas pessoas e, se não houver condições, que veja a possibilidade de colocar lá um hospital de campanha”, disse. Beltrame informou que vai apurar a conduta dos policias que faziam custódia do traficante.

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