MP Eleitoral teme guerra de cabos eleitorais em Salvador
Procurador pediu reforço de segurança na capital depois que militantes entraram em confronto. Destruição de material de campanha e vandalismo tornaram-se frequentes na cidade
Destruição de placas de adversários, brigas entre militantes e ameaças. O acirramento da disputa pela prefeitura de Salvador, entre o candidato petista Nelson Pelegrino e o democrata Antonio Carlos Magalhães Neto, preocupa autoridades da capital baiana. Em uma reunião realizada na quinta-feira, o procurador regional eleitoral, Sidney Madruga, pediu reforço das polícias Militar, Civil e Federal na eleição na capital. Madruga teme que o enfrentamento entre cabos eleitorais e a boca de urna atrapalhe a eleição de domingo.
“Temos visto em Salvador um acirramento perigoso entre militantes dos dois partidos. Há descontrole e os órgãos de segurança têm que agir o quanto antes para que não fique parecendo uma guerra. Isso envolve a segurança das nossas famílias, a nossa segurança. Queremos sair em segurança no domingo e não para uma guerra. Eleição é o ápice do regime democrático, não uma praça de guerra”, afirmou Madruga, em entrevista ao site de VEJA.
De acordo com o promotor, que coordena os promotores eleitorais, há dois dias militantes de PT e do DEM se encontraram perto do Shopping Iguatemi, um dos maiores da cidade, e brigaram. Foi necessária a chegada da Polícia Militar para acabar com a confusão. “Isso tem ocorrido em vários pontos da capital”, contou Madruga.
O clima hostil tem provocado mudanças de estratégia entre os próprios candidatos. ACM Neto parou de divulgar sua agenda com antecedência. Em vez disso, algumas vezes divulga o horário e o tipo de evento, sem antecipar o local da caminhada ou da carreata. Em outras, divulga os compromissos no site da campanha, mas momentos antes altera o roteiro. Segundo a assessoria do democrata, a medida visa a evitar que militantes de Pelegrino levem carros de som para tumultuar o evento do democrata. Na última semana, um carro de som do PT parou ao lado de uma caminhada do DEM e a situação ficou tensa – não chegou a ocorrer confronto físico. Pelegrino também divulga em seu site mais de um evento no mesmo horário, sem especificar em qual deles estará presente.
Nos últimos dias, o que se vê são chumbos trocados: os adversários, que nem se cumprimentam, reclamam que seus materiais de campanha vêm sendo destruídos por militantes do rival. Nas ruas, placas destruídas de ACM Neto estão por toda parte. Em muitas, o rosto do democrata foi cortado. Já nos muros da Avenida Suburbana, que corta os bairros do subúrbio onde o petista teve maior votação no primeiro turno, dezenas de cartazes da tradicional estrela do PT estão rasgados, arrancados. Também é comum ver propaganda de um candidato colada sobre a do outro.
Armas – Pelegrino acusa ainda a existência de homens armados intimidando seus funcionários – em um mês teriam sido três ameaças. Um caminhão com pneus furados é apresentado como evidência de um ataque de militantes pró-ACM Neto. No início da semana, representantes das duas coligações e do Ministério Público discutiram o clima de tensão neste segundo turno na capital baiana.
“A diferença pequena entre os candidatos está fazendo com que o enfrentamento que se tem visto nos debates vá para as ruas”, diz o procurador. “Há uma destruição maciça da propaganda. Não posso dizer se são pessoas contratadas ou se estão fazendo isso gratuitamente. Mas é crime e demos orientação para que a PM coíba esses vândalos”, disse Madruga.
O Ministério Público pediu ainda que a polícia Rodoviária intensifique as ações nas estradas. “A inteligência recebeu a informação de que ônibus trarão pessoas de cidades próximas a Salvador para fazer boca de urna. É um absurdo. Vamos fazer uma grande operação para evitar que isso ocorra”, adverte Madruga.
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