Fundação Casa tem maior onda de fugas em dez anos
Só neste ano, 487 crianças e adolescentes escaparam de unidades da instituição, segundo jornal. Número é o maior desde 2005, quando instituição ainda se chamava Febem
Desde o começo de 2015 até esta quarta-feira, 487 jovens fugiram de unidades da Fundação Casa em todo o Estado de São Paulo. É a maior onda de fugas desde 2005, quando o órgão ainda se chamava Febem, conforme reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta quinta-feira. Nos últimos dois meses, oito grandes fugas libertaram 212 crianças e adolescentes. Do total de fugitivos deste ano, apenas 106 foram reencontrados. O maior número até aqui era o de 2005, quando uma grande crise assolou a Febem e foram registradas 775 fugas ao longo do ano.
A Fundação Casa informou ao jornal que todos os casos estão sendo apurados pela Corregedoria-Geral e que instalou comissões para avaliar sanções aos que forem recapturados. A Corregedoria trabalha com a hipótese de que funcionários insatisfeitos estejam facilitando as fugas. As investigações correm em sigilo.
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O diretor do Sitraemfa, sindicato que representa servidores da Fundação Casa, João Faustino, negou que haja “corpo mole” na Fundação e atribui as fugas ao número reduzido de funcionários nos pátios das unidades. Segundo ele, são 60 jovens para quatro ou cinco servidores. Sobre a insatisfação da categoria, Faustino também disse que as condições de trabalho são degradantes e que, de 13.000 servidores, 600 (5%) estão afastados pelo SUS por problemas de saúde.
Tiago Rodrigues, promotor da Infância e da Juventude, alia à falta de funcionários os problemas de superlotação. Das 119 unidades fiscalizadas em junho deste ano, a Promotoria encontrou 111 delas com superlotação.
A presidente da Fundação Casa disse à Folha que cada caso de fuga está sendo investigado e que, em ao menos dois deles, foram identificadas falhas por parte dos funcionários, que podem ser punidos. Ela também disse que não é possível comparar a atual situação da instituição com a antiga Febem porque o número de internos dobrou. De acordo com Berenice, antes havia 5.000 internos e agora há 10.000.
Sobre a falta de funcionários, a presidente da Fundação Casa afirma que o que existe, na verdade, são “funcionários faltosos, que apresentam atestados médicos incertos ou têm faltas injustificadas”. Segundo Berenice, a falta de uma empresa de segurança patrimonial, que antes fazia a guarda da área externa de algumas unidades na Grande São Paulo e no Litoral também colabora para a alta de fugas. Agora, a instituição vai firmar um convênio com a Polícia Militar para monitorar as áreas externas.
(Da redação)