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Deputado do Rio teme ser vítima “do silêncio que matou a juíza”

Marcelo Freixo vai passar temporada na Europa para fugir de ameaças de morte. Secretário de Segurança nega que denúncias foram ignoradas e, em ofício ao presidente da Alerj, lembra que ameaças de morte são investigadas em sigilo

Por Rafael Lemos
31 out 2011, 14h49

“É um tempo necessário para ajustes na minha segurança aqui e chamar a atenção para a situação das milícias, que não está resolvida. As mais de 500 prisões feitas desde 2008 são importantes, mas é preciso tirar deles os poderes territorial e econômico. Já torturaram jornalistas, mataram uma juíza e ameaçaram um deputado. Tudo isso em menos de 10 anos de existência”, diz Freixo

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que embarca nesta terça-feira para um exílio forçado de cerca de um mês na Europa, quer fazer de sua temporada fora do Rio de Janeiro um alerta sobre o risco que correm as autoridades brasileiras que enfrentam o crime organizado. Freixo está saindo por sentir que ele e a família estão em perigo, depois de sete denúncias relatarem planos de milicianos para matá-lo. O parlamentar admite, porém, que não foi diretamente ameaçado. Mas mostra documentos sobre denúncias de que milicianos querem matá-lo. O que considera mais grave nesse processo, diz ele, é a falta de ação das autoridades do estado – aqui inseridas a Secretaria de Segurança Pública e as polícias Civil e Militar. “Foi este mesmo silêncio que matou a juíza Patrícia Acioli”, adverte, lembrando da magistrada assassinada no dia 11 de agosto, em Niterói.

“É um tempo necessário para ajustes na minha segurança aqui e chamar a atenção para a situação das milícias, que não está resolvida. As mais de 500 prisões feitas desde 2008 são importantes, mas é preciso tirar deles os poderes territorial e econômico. Já torturaram jornalistas, mataram uma juíza e ameaçaram um deputado. Tudo isso em menos de 10 anos de existência”, justifica Freixo, que viaja pela segunda vez à Europa a convite da Anistia Internacional. Em 2009, ele visitou Alemanha, Holanda, Bélgica, França, Espanha e Itália, onde apresentou o fenômeno das milícias como um tipo de máfia brasileira.

A sétima denúncia foi registrada pela Ouvidoria do Ministério Público, no último dia 26. O plano estaria sendo articulado por um susposto vereador do município de Paracambi (RJ), ligado aos irmãos Jerominho e Natalino Guimarães – respectivamente, ex-vereador do PMDB e ex-deputado estadual pelo antigo DEM, ambos presos – e ao traficante Fernandinho Guarabú do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio.

As principais queixas do deputado são a falta de investigação das denúncias e o número insuficiente, segundo ele, de homens na sua equipe de segurança. O gabinete de Freixo protocolou diversos requerimentos – alguns deles há mais de um ano – ao governo do estado, pedindo um aumento do número de policiais para sua proteção. As solicitações, no entanto, emperraram na burocracia e seguem sem resposta.

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Freixo rechaça qualquer relação entre a exposição que terá com sua ida ao exterior e sua pré-candidatura à prefeitura do Rio. Mas é inegável que a viagem reforça a imagem de deputado que enfrentou as milícias, no momento em que a presença de grupos paramilitares em outros estados ganha visibilidade. O governo do município, que ele pleiteará oficialmente a partir de 2012, também recebe críticas.

“O governo municipal tem uma responsabilidade sobre o principal braço econômico das milícias, que é o transporte alternativo. Primeiro, tem que fazer o transporte público funcionar e parar de ser refém da Fetranspor. Tem que fazer o transporte alternativo ser verdadeiramente alternativo. Muitas vezes, a van é a única forma de o cidadão ir para o trabalho, e, assim, fica entregue na mão da milícia. Nós sabemos o quanto de milicianos estão empregados no poder público ainda hoje”, acusa o deputado.

A resposta do secretário de Segurança – A Secretaria de Segurança do Rio divulgou, no início da noite desta segunda-feira, um comunicado sobre as denúncias recebidas pelo deputado. Por email, a secretaria distribuiu cópias do ofício de Freixo, comunicando as denúncias de um plano para matá-lo, e um ofício enviado, pelo secretário José Mariano Beltrame, à Presidência da Assembléia Legislativa do Estado do Rio (Alerj).

Beltrame destaca que, nos últimos três anos, recebeu comunicados sobre denúncias a respeito de ameaças contra Freixo. Informa, também, que só no dia 26 a secretaria recebeu pedido de proteção policial para a família do deputado. As investigações sobre esse tipo de ameaça, segundo Beltrame, correm em sigilo, e por isso não têm publicidade.

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