Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Congresso expõe distanciamento inédito entre PT e governo

Clima de descontentamento com rumos do governo é expressado por petistas de várias matizes

Por Gabriel Castro, de Salvador
11 jun 2015, 21h21

O Congresso do PT que teve início nesta quinta-feira em Salvador ocorre em meio a um cenário inédito na história do partido: a crise não é apenas ética, motivada pelo caso do petrolão. Episódio semelhante ocorreu dez anos atrás, quando a sigla foi atingida pelo escândalo do mensalão. Dessa vez, a base está descontente com algo que, na hierarquia petista, é muito mais grave do que um gigantesco esquema de corrupção: a adoção de medidas tidas como “neoliberais” na economia, como a redução de benefícios trabalhistas e o corte orçamentário que não poupou as áreas sociais.

Congresso do PT começa com tumulto na Bahia

O clima de descontentamento é expressado abertamente por petistas de várias matizes. A começar pelo presidente da sigla, Rui Falcão. No discurso que preparou para a abertura do congresso, ele criticou, sem muitos eufemismos, a política econômica da presidente: “O PT considera vital que o custo de retificação das contas públicas recaia sobre quem mais tem condições de arcar com o custo do ajuste. É inconcebível, para nós, uma política econômica que seja firme com os fracos e frouxa com os fortes”. No mesmo discurso, Falcão continuou: “Por isso também, o PT não acredita que é possível retomar o crescimento provocando recessão. Nem que se possa combater a inflação com juros escorchantes e desemprego de trabalhadores e máquinas”.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) adota um tom ainda mais direto. Ele rejeita a tese de que as críticas à política econômica partem apenas de alas mais radicais do partido. “Estão querendo vender uma versão que não é a realidade. O que eu sinto é que, nesse congresso, vai ficar claro que existe um questionamento muito forte da política econômica em todas as correntes do partido”, diz ele. Para o senador, a situação econômica do país ficará insustentável em “dois ou três meses” se não houver uma correção de rumos.

Também durante o congresso, surgiu outra demonstração de que a insatisfação vai muito além dos grupos periféricos da legenda; um bloco que reúne praticamente a metade dos deputados do partido publicou um manifesto em que pede mudanças no governo.

Continua após a publicidade

É nesse clima que a presidente Dilma Rousseff discursará na abertura do congresso – menor e menos triunfalista do que os anteriores. Dilma falaria apenas no encerramento, no sábado. Acabou repensando e preferiu comparecer à abertura, ao lado do mentor e padrinho Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma teme vaias dos petistas

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, é um dos principais aliados incondicionais de Dilma. Ele reconhece que é presido aproximar o governo do partido, mas diz que o ajuste fiscal é uma etapa dentro de um programa que pretende gerar e distribuir renda: “A estratégia de governo da Dilma é absolutamente clara. Momentos de ajuste fazem parte da trajetória, eles não determinam a trajetória”. Difícil vai ser explicar isso aos colegas de partido.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.