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‘YoSoy132’, o movimento estudantil que arejou a campanha presidencial mexicana

Por Por Pablo Pérez
25 jun 2012, 17h30

Protestos nas ruas, shows, um debate eleitoral na internet: o movimento estudantil mexicano YoSoy132 se tornou, em seis semanas, o centro da campanha presidencial, embora sem reverter as tendências que apontam a uma intenção de voto favorável à volta do PRI.

“No México nunca tinha ocorrido o que está acontecendo agora. Nunca tinha havido tantos porta-vozes reconhecidos de assembleias (estudantis) locais. Isto é inédito”, assegura o estudante Antonio Attolini, um dos rostos mais visíveis do movimento.

A primeira marcha, em 23 de maio, na Cidade do México, reuniu 10.000 pessoas convocadas por meio de redes sociais. A segunda, em 10 de junho, mais de 90.000. Uma terceira foi convocada para a quarta-feira, dia do encerramento de campanhas para as eleições de 1º de julho.

“O principal foi levar aos municípios a informação sobre o que é o movimento e o que significa mediante panfletos, alto-falantes, atividades culturais, dança, música”, conta Álvaro Batres, estudante da Universidade do Estado de Hidalgo (centro), que chegou à Cidade do México para uma assembleia organizadora do movimento.

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Batres reconhece que nas cidades são bem recebidos, mas em algumas áreas rurais encontraram um repúdio declarado: “tem havido contatos (de agressão), nos dizem para sairmos dali”, relata.

O movimento surgiu em 11 de maio, quando estudantes da Universidade Ibero-americana, um centro jesuíta da Cidade do México, receberam com vaias o candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Enrique Peña Nieto, favorito nas pesquisas.

O PRI tentou desqualificar o protesto, assegurando que foi organizado não por universitários, mas por agitadores profissionais ligados à campanha de Andrés Manuel López Obrador, candidato de esquerda que as pesquisas situam em segundo.

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Esta explicação, repetida insistentemente nas emissoras de elevisão e na maioria dos jornais, provocou indignação entre os universitários.

Um grupo de 131 deles reagiu postando no YouTube vídeos em que se identificavam com nomes e carteiras universitárias, convidando outros mexicanos a se tornarem o manifestante 132.

Os jovens convocaram, então, concentrações em frente à sede da Televisa, a emissora mais importante do México.

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Lemas como “Desligue a televisão, se liga” ou “Televisa te idiotiza” ao lado de um topete – penteado característico de Peña Nieto – dentro de um sinal de proibido, caracterizam as manifestações que denunciam uma aliança dos meios de comunicação, vinculados a poderosos conglomerados empresariais para buscar o retorno do PRI.

Este partido governou entre 1929 e 2000 em um regime modelo de estabilidade na América Latina, mas ao custo de autoritarismo e corrupção, o que levou o prêmio Nobel Mario Vargas Llosa a chamá-lo nos anos 1980 de “a ditadura perfeita”.

O movimento estudantil foi saudado como um vento de renovação na democracia e uma sacudida em uma campanha presidencial dominada pela apatia.

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Surgido em um centro privado, rapidamente foi acolhido em universidades públicas, dando origem a assembleias maratônicas.

O ‘YoSoy132’ conseguiu estabelecer uma linha programática (se define anti Peña Nieto, apartidário e anti-neoliberal) e organizou dois shows e um debate, transmitido pela internet, ao qual convidaram todos os candidatos: só o PRI se negou.

Também conseguiram registrar, perante a autoridade eleitoral, 1.500 observadores nas seções eleitorais.

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O vigor do movimento perde força à medida que se distancia da capital, o que explicaria que as pesquisas – que no começo de junho mostraram Peña Nieto estacionário e López Obrador em ascensão – tenham voltado a dar uma confortável ao PRI nas últimas duas semanas.

Em Pachuca, capital do estado de Hidalgo, com meio milhão de habitantes e 120 km ao norte da Cidade do México, a maior marcha reuniu pouco mais de mil pessoas. No entanto, os estudantes não desanimam.

“Recentemente, senhoras aderiram ao movimento, pessoas do Sinicato Mexicano de Eletricistas marcharam conosco…”, conta Dana Corres, porta-voz da Universidade Autônoma do Estado de Hidalgo.

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