Vinte vítimas do massacre são identificadas; um corpo é de brasileiro
Identidades não foram reveladas. Legistas seguem trabalho de necropsia
As autoridades do México identificaram pelo menos 20 dos 74 mortos em um massacre no país. Segundo o subprocurador de Justiça do estado de Tamaulipas, Jesús de la Garza, oito das vítimas identificadas eram de Honduras, quatro de El Salvador, duas da Guatemala e uma do Brasil. A nacionalidade das outras quatro não foi divulgada. O grupo foi aparentemente morto por membros do cartel Los Zetas, enquanto tentava imigrar para os EUA.
Quarenta necropsias já foram realizadas até então. O trabalho de identificação continua, em uma funerária de San Fernando, resguardada por membros da Marinha do México armados com fuzis. No local, estão presentes diplomatas do Brasil, El Salvador, Equador e Honduras, para acompanhar os trabalhos.
Segundo as informações iniciais de autoridades mexicanas, quatro dos 72 mortos encontrados eram brasileiros. Mas, segundo o cônsul brasileiro, Márcio Lage, a identificação e o envio dos corpos ao Brasil ainda pode demorar, no mínimo, duas semanas. Outros dois corpos foram achados nesta sexta-feira. Um deles era de Roberto Javier Suárez Vázquez, agente do Ministério Público, que colaborava nas tarefas de investigação do massacre.
O porta-voz de segurança do governo federal, Alejandro Poiré, disse que aparentemente os imigrantes foram assassinados após se negarem a colaborar com Los Zetas. “O que este episódio revela, com a informação de que dispomos até agora, é uma modalidade de recrutamento forçado”, explicou. “Nem sequer é um sequestro com intenção aparentemente pecuniária, mas sim forçá-los a participar nas estruturas do crime organizado.”
As vítimas foram encontradas na terça-feira, em uma fazenda perto de San Fernando, no estado de Tamaulipas. Apenas uma pessoa sobreviveu ao massacre, um equatoriano de 19 anos identificado como Freddy, pelas autoridades. Em entrevista à rede BBC, os familiares do sobrevivente disseram receber ameaças de morte de traficante. O governo do Equador anunciou que já adotou medidas para protegê-los.
Chacina – Caso se confirme que Los Zetas foi o grupo responsável pelo crime, este será o episódio mais sangrento desde que o presidente Felipe Calderón lançou uma ofensiva contra o narcotráfico no país, no fim de 2006. Mais de 28.000 pessoas morreram desde então em incidentes relacionados ao tráfico de drogas no México.
Calderón disse que o caso é um novo sinal de que os cartéis estão sendo prejudicados pela ofensiva com milhares de soldados e policiais federais. Assim, buscariam de modo desesperado meios alternativos de conseguir dinheiro. Já ativistas pelos direitos dos imigrantes atribuem a violência à indiferença governamental.
Calcula-se que, a cada ano, quase 300.000 imigrantes ilegais cruzam a fronteira sul do México com a intenção de chegar aos EUA. Muitos deles são vítimas de extorsão, roubo, estupro e sequestro.
(Com agências Estado e France-Presse)