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Vinte anos após massacre de Srebrenica, Bósnia segue dividida

Em 11 de julho de 1995, cerca de 8.000 bósnios muçulmanos foram massacrados por tropas sérvias comandadas pelo general Ratko Mladić

Por Da Redação
11 jul 2015, 09h42

Vinte anos depois do massacre de Srebrenica, que precedeu o fim do conflito na Bósnia (1992-1995), o país balcânico, um dos mais pobres da Europa, segue preso em suas divisões étnicas. A Bósnia não conseguiu fechar as feridas do conflito que deixou mais de 100.000 mortos, e muçulmanos, cristões ortodoxos sérvios e católicos croatas seguem se encarando com desconfiança.

As feridas ainda não cicatrizaram e os líderes políticos nunca renunciaram aos objetivos da guerra, sustenta Srecko Latal, diretor do grupo Social Overview Service, que faz análises políticas e sociais. Atiçadas pelos políticos, as divergências entre as comunidades se intensificam de tempos em tempos, especialmente em datas simbólicas, como neste sábado, dia que marca os 20 anos do massacre de Srebrenica, no leste da Bósnia, um dos maiores traumas da guerra.

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Cerca de 8.000 muçulmanos, homens, crianças e adolescentes, foram friamente assassinados pelas forças sérvias da Bósnia, comandadas pelo general Ratko Mladić, preso desde 2011 por crimes de guerra. Os muçulmanos bósnios querem que os sérvios admitam que o massacre mais grave cometido em território europeu desde a II Guerra Mundial foi um genocídio, como tipificou a Justiça internacional, mas os bósnios se negam categoricamente a isso. Duas décadas após o conflito, os líderes das três comunidades não conseguem entrar em acordo em torno de um “mínimo interesse comum”, a analista política Tanja Topic.

Os nacionalistas “aplicam políticas autistas e fabricam tensões permanentes” para, “desta forma, estreitar as fileiras” de suas respectivas comunidades, acrescenta Tanja. “Dividiram o país em zonas étnicas e de interesse nas quais controlam totalmente os fluxos financeiros e nas quais os chefes das tribos étnicas são os mestres da vida e da morte”, explica.

Devido às disputas políticas, a aproximação da Bósnia com a União Europeia está estancada há anos. Os europeus lançaram várias iniciativas para reativar o processo, embora sem resultados concretos. A Bósnia atravessa uma situação econômica e social difícil. O desemprego afeta 40% da população ativa e neste ano necessitará de um financiamento de 500 milhões de euros (mais de 1,5 bilhão de reais) para cobrir seus déficits.

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Mães de Srebrenica – Elas tinham marido e filhos, mas Fátima, Rejha e Sabaheta perderam os homens de suas vidas no massacre de Srebrenica e 20 anos depois ainda procuram por seus corpos. “Os foguetes caíam de todos os lados. Havia feridos, mortos nas ruas. Muitas pessoas, mulheres, crianças, tentavam fugir. Os homens e os jovens correram para a floresta. Nos separamos”, recorda Fátima Aljic, de 66 anos e moradora de Sarajevo. Seu marido e os dois filhos se uniram a um grupo de 15.000 homens que iniciaram uma viagem de mais de 100 quilômetros para chegar ao território controlado pelas forças muçulmanas. Milhares não conseguiram chegar ao destino.

“Na confusão, não falamos nada quando nos separamos. Limitei-me a pegar meu filho mais novo no colo”, conta. Fátima e seu filho mais novo se salvaram, mas seu marido e seu filho de dezessete anos foram uns dos mortos do massacre. Neste sábado, em uma cerimônia simbólica, Fátima enterrará seu filho Dzemal. Os restos mortais do jovem foram exumados de uma das 93 valas comuns encontradas até hoje na região de Srebrenica. “Eu o vi. Há a pélvis, um pé, um braço e uma perna. É espantoso, triste”, afirma a mãe, tentando conter as lágrimas.

(Da redação)

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