Os parlamentares de Taiwan trocaram discursos e palavras rebuscadas por tapas e socos nesta sexta-feira, 17, devido a divergências sobre uma reforma legislativa poucos dias antes da posse de Lai Ching-te, o novo presidente da ilha asiática.
Em meio ao empurra-empurra, os políticos atacaram-se uns aos outros subindo pelas mesas, enquanto rodeavam o assento do presidente da Câmara, mostram imagens da televisão taiwanesa.
➡️ Fights Break Out as Tempers Flare in Taiwan Parliament
Taiwanese lawmakers shoved, tackled and hit each other in parliament in a bitter dispute about reforms to the chamber, just days before President-elect Lai Ching-te took office without a legislative majority.@RiseGS pic.twitter.com/N6LKktjUm4
— Zlatti71 (@Zlatti_71) May 17, 2024
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Tema quente
O conflito surgiu devido a uma proposta de reforma vinda do principal partido da oposição, o Kuomintang (KMT), e dos seus aliados, para dar ao parlamento maiores poderes de escrutínio sobre o governo. Isto inclui uma medida controversa para criminalizar “declarações falsas no parlamento”.
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A proposta que foi rejeitada pelo Partido Democrático Progressista (DPP), que governa a pequena ilha desde 2016 e vai continuar no poder com Lai. Políticos da sigla caracterizaram-na como “um abuso de poder inconstitucional”.
As cenas caóticas são prenúncio dos desafios de Lai como sucessor da presidente Tsai Ing-wen, que pode ter mais dificuldade do que o esperado para obter apoio do legislativo durante seu mandato. Isso porque, embora tenha vencido as eleições presidenciais em janeiro, o DPP não conseguiu garantir a maioria absoluta no órgão de 113 assentos.
Polarização
No passado KMT governou a ilha sob lei marcial de 1949 a 1989, invocando a ameaça comunista para controlar a vida da população com mão de ferro. Pelo menos 140 000 pessoas foram presas durante o chamado “terror branco”, das quais 2 000 acabaram executadas. As primeiras eleições livres só aconteceram em 1996 e de lá para cá o regime se democratizou. Apesar da antiga rejeição a Pequim, a legenda hoje tem uma postura mais pró-China, enquanto o DPP é mais próximo dos Estados Unidos.
Pequena ilha no Pacífico com área pouco maior que a do estado de Alagoas, Taiwan reflete sinais que alimentam a feroz competição entre Estados Unidos e China pela hegemonia global. Expoente do capitalismo plantado na porta do gigante comunista desde a ascensão de Mao Tsé-tung, há 75 anos, o território está na mira do todo-poderoso presidente Xi Jinping, para quem a “reunificação” virou ponto de honra. Enquanto isso, Washington promete fazer de tudo para que isso não aconteça.
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À flor da pele
Taiwan, descrita como uma “democracia vibrante” que contrasta com sua gigante vizinha, a China, tem um histórico longo de conflitos parlamentares.
Em 2020, os legisladores do KMT – alguns usando capas de chuva – atiraram baldes de vísceras de porco contra o então primeiro-ministro, Su Tseng-chang, e trocaram golpes no plenário da Câmara durante uma violenta disputa sobre a flexibilização das importações de carne de porco dos Estados Unidos. A escaramuça deixou pedaços de corações, intestinos, pulmões e outros resíduos de porco espalhados pelo tapete vermelho do parlamento.
No mesmo ano, um debate sobre cortes nas aposentadorias terminou numa guerra de balões de água.
Durante outro memorável incidente em 2006, houve um pandemônio quando Wang Shu-hui, uma política do DPP, tentou impedir uma proposta controversa sobre ligações diretas de transporte para a China. Ela rasgou o documento, colocou-o na boca, mastigou e acabou cuspindo os pedaços de papel.