O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro se pronunciou diante de dezenas de milhares de apoiadores do chavismo em um ato de apoio a Hugo Chávez nas ruas da capital Caracas, nesta quinta-feira. Em seu discurso, não faltaram críticas à oposição e novas tentativas de convencer que Chávez continua a comandar o país, mesmo hospitalizado em Havana, Cuba, onde há um mês foi submetido a uma quarta cirurgia contra um câncer.
“Nós elegemos e temos um só presidente e esse se chama Hugo Chávez. Nós somos pessoas do povo para acompanhá-lo e trabalhar com ele”, disse Maduro, segundo o jornal venezuelano El Nacional. “Que ninguém se confunda nem se deixe confundir. O Supremo Tribunal falou”.
Maduro referiu-se ao posicionamento do Supremo Tribunal de Justiça que, nesta quarta-feira, endossou a tese chavista e dispensou a necessidade de Chávez tomar posse para o mandato 2013-2019 nesta quinta-feira, como previsto na Constituição. Para a Corte, como o coronel foi reeleito em outubro, há continuidade na administração do país.
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O vice também fez alertas à oposição que, segundo ele, usa a doença do caudilho para desestabilizar o país. “Se não querem aceitar o que disse o Supremo Tribunal de Justiça, estamos avaliando ações contundentes. Cuidado com suas palavras e ações. Cuidado ao se meterem em ações golpistas e desestabilizadoras”.
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Ele também fez um agradecimento especial à solidariedade dos “presidentes amigos” que compareceram à celebração – Evo Morales, da Bolívia, Daniel Ortega, da Nicarágua, e José Mujica, do Uruguai – e representantes de outros governos latino-americanos que participavam do “juramento simbólico” de Chávez.
Controvérsia – A coligação opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) garantiu que recorrerá a todas as instâncias nacionais e internacionais para que se reconheça a ausência temporária de Chávez.
Nesta quinta, deputados de outro grupo opositor, o Bloco Parlamentar da Alternativa Democrática, afirmaram que a sentença do tribunal “afeta a ordem democrática do estado” e convocaram um protesto para o próximo dia 23.
A porta-voz do Departamento de Estado americano, Victoria Nulando, afirmou que os Estados Unidos esperam que qualquer transição política na Venezuela ocorra de forma democrática e transparente.
Hugo Chávez se despediu há um mês dos venezuelanos para viajar a Cuba para ser submetido pela quarta vez a uma cirurgia contra um câncer. Desde então, o presidente, que durante 14 anos de governo manteve uma presença quase diária nas telas de televisão, não foi visto em público. Sua condição é “estável“, em um quadro de insuficiência respiratória, segundo o último boletim divulgado na segunda-feira pelo governo.