A Venezuela libertou, nesta quarta-feira, 20, seis sindicalistas condenados por “conspiração” e “traição à pátria”, mediante um acordo com os Estados Unidos. Em troca, Washington deve soltar de uma prisão americana o empresário colombiano Alex Saab, considerado amigo próximo do líder de Caracas, Nicolás Maduro.
Os sindicalistas foram condenados a 16 anos de prisão em agosto, após já terem passado um ano detidos na capital venezuelana. O grupo é composto por Reynaldo Cortés, Alfonzo Meléndez, Alcides Bracho, Néstor Astudillo, Gabriel Blanco e Emilio Negrín, que foram presos por participarem da onda de protestos no país em julho de 2022. As manifestações exigiam aumentos salariais e melhorias nas condições de trabalho no setor público.
Segundo a Coalizão Por Direitos Humanos e Democracia, uma ONG responsável por denunciar abusos cometidos dentro da Venezuela, há mais de 300 presos políticos no país.
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Militares americanos
A Venezuela também libertou dois ex-militares americanos, Airan Berry e Luke Denman, que foram condenados, em 2020, a 20 anos de prisão pela participação em uma “tentativa de derrubar o governo de Maduro”.
Grupos de direitos e os Estados Unidos acusaram Caracas de usar as detenções como uma vantagem para negociar o fim das sanções de Washington, algo difícil com a deterioração dos laços entre os governos.
Em outubro, a Casa Branca concordou em amenizar as sanções direcionadas à energia venezuelana, em particular à indústria de petróleo, mediante uma promessa de Maduro sobre abrir caminho para eleições livres e justas até 30 de novembro, além de libertar presos políticos. O prazo terminou, e o líder da Venezuela não cumpriu o combinado, já que sua maior opositora, María Corina Machado, continua impedida de concorrer. Ainda não está claro qual será a postura dos Estados Unidos agora.
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Alex Saab
O colega colombiano de Maduro foi detido em 2020 por suspeita de lavagem de dinheiro. Além disso, ele foi informante da DEA, agência americana antidrogas. Em 2022, documentos judiciais revelaram que Saab forneceu informações sobre propinas pagas a funcionários de Caracas, embora ele negue ter sido informante.
O empresário foi extraditado de Cabo Verde, onde foi detido, para Miami a pedido dos Estados Unidos. Na época, o governo Maduro nacionalidade venezuelana e um título de embaixador ao colombiano, tentando evitar a transferência. A Venezuela chamou a ação de “sequestro”.