O líder da oposição Henrique Capriles denunciou que as autoridades da Venezuela bloquearam seu passaporte para impedir que ele viajasse para Nova York nesta quinta-feira. O governador do estado de Miranda participaria de uma reunião com o Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU na metrópole americana.
“Eu não poderei participar da reunião com o Alto Comissariado para os Direitos Humanos. Estou fora da área de Migração, sem passaporte”, disse Capriles, via Periscope, no aeroporto internacional de Maiquetia, na periferia de Caracas.
Em outras imagens transmitidas pelo Periscope, Capriles aparece em uma sala da migração do aeroporto. “Fui informado de que o meu passaporte foi cancelado”, disse ele, que garantiu que seu documento era válido até 2022 e que o bloqueio foi uma tentativa de boicotar sua viagem. O líder da oposição deveria encontrar na sexta-feira o alto comissário Zeid Ra’ad Al Hussein para informar sobre a grave crise que atinge a Venezuela e apresentar os casos de vítimas da repressão durante os protestos.
Depois de deixar a área de migração, Capriles afirmou que estava retornando a Caracas para participar da marcha organizada pela oposição contra a repressão aos protestos que já deixaram 46 mortos, 13.000 feridos e 2.371 presos em sete semanas.
Na noite de quarta-feira milícias saquearam lojas e entraram em confronto com as forças de segurança no Estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia. A polícia usou gás lacrimogêneo contra grupos que atiravam pedras, enquanto multidões invadiram lojas e escritórios na capital do Estado, San Cristóbal, e outros lugares.
Três soldados foram acusados de matar um homem que estava comprando fraldas para seu filho. Segundo testemunhas, Manuel Castellanos, de 46 anos, foi atingido por um tiro no pescoço quando se deparou com uma briga enquanto andava para casa, após passar em uma loja. Fraldas se tornaram produtos de alto valor na Venezuela devido à ampla escassez de itens domésticos básicos.
Nesta quinta os protestos continuaram em diversas partes do país. Durante a tarde, manifestantes e soldados da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) se enfrentaram em Caracas. Os oficiais usaram mais uma vez bombas de gás lacrimogêneo para reprimir os opositores. Diversas pessoas ficaram feridas, entre elas jornalistas que cobriam a marcha.
(Com AFP e Reuters)