Horas depois de a delegação brasileira confirmar nesta segunda-feira, 23, que um encontro na Argentina entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o líder venezuelano, Nicolás Maduro, foi cancelado, o governo da Venezuela deu o motivo: um suposto complô de agressões contra autoridades de Caracas.
Em comunicado, a Presidência venezuelana afirmou ter sido informada nas últimas horas “de forma irrefutável sobre um plano da direita neofacista com o objetivo de levar a cabo uma série de ataques contra a nossa delegação chefiada pelo presidente da República, Nicolás Maduro Moros”.
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Um encontro entre Maduro e Lula, na véspera de uma reunião na Argentina da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, havia sido confirmado pelo próprio presidente e assessoria do gabinete presidencial, apesar de ser visto com ambiguidade por diversos setores devido à situação política da Venezuela.
“Pretendem dar um ‘show’ deplorável para atrapalhar os efeitos positivos de tão importante acontecimento regional, e assim contribuir para a campanha de descrédito – já malsucedida – que vem sendo lançada contra nosso país a partir do Império Norte-Americano”, diz o comunicado.
O texto confirma então que quem participará do encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos será o chanceler venezuelano, Yván Gil Pinto. De acordo com uma pessoa ligada à organização do encontro, Pinto chegou o início da tarde desta quarta-feira à Buenos Aires, junto a outros três diplomatas.
Na manhã desta quarta-feira, o ministro Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência, já havia confirmado que Maduro sequer viajaria para a Argentina, mas que o motivo para o cancelamento ainda não estava claro.
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Mesmo sem Maduro, o presidente argentino, Alberto Fernández, e Lula defenderam a presença do país na cúpula da Celac.
“A cúpula do Celac reúne países da América Latina e Caribe. Portanto, todos os países membros estão convidados. Não temos nenhum poder de veto e nem queremos ter”, declarou Fernández em entrevista à imprensa junto ao presidente brasileiro, após um encontro na Casa Rosada. “Portanto, a presença dos presidentes de Cuba e Venezuela é mais uma inquietação de alguns meios de comunicação do que dentro da Celac”.
Lula ecoou a defesa do aliado, dizendo que “um papel nesse mandato na presidência do Brasil é, se eu puder, ser um construtor de paz”.
“Muitas pessoas esquecem que [a oposição venezuelana] fez uma coisa abominável com a democracia, que foi reconhecer um cara que não era presidente, não tinha sido eleito, como presidente”, afirmou Lula, referindo-se a Juan Guaidó, então presidente da Assembleia venezuelana. “Esse cidadão ficou vários meses exercendo o papel de presidente, sem ser presidente”.
Segundo o líder brasileiro é preciso garantir que a autodeterminação dos povos seja respeitada em qualquer país. “Da mesma forma que eu sou contra a ocupação territorial, como a Rússia fez à Ucrânia, sou contra muita ingerência no processo da Venezuela”, disse.