As reivindicações da Venezuela impediram a assinatura de um documento que expressaria um consenso entre as 35 nações participantes da Cúpula das Américas, que comeaç nesta sexta-feira, no Panamá. O governo bolivariano de Nicolás Maduro exigia que os demais chefes de Estado participantes do evento incluíssem um preâmbulo condenando as sanções diplomáticas e econômicas que os Estados Unidos aplicaram contra sete de seus funcionários. A medida foi adotada por Washington após o presidente americano Barack Obama considerar o país uma “ameaça à segurança nacional”.
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Esta é a terceira vez consecutiva em que as nações participantes da Cúpula das Américas não alcançam um consenso e a reunião fica sem um documento final. Como a imposição da Venezuela foi rechaçada pelas outras delegações diplomáticas, os acordos que forem alcançados entre esta sexta-feira e sábado serão enviados normalmente aos organismos internacionais implicados, mas não serão apresentados em um único relatório final. A informação foi confirmada pela chanceler e vice-presidente do Panamá, Isabel de Saint Malo.
O desmonte das instituições democráticas da Venezuela pautará boa parte dos debates a serem realizados no evento. Em protesto às prisões arbitrárias dos opositores Leopoldo López e Antonio Ledezma, 26 ex-governantes da Espanha e América Latina pediram para que os chefes de estado rompam com o “silêncio complacente” em relação aos abusos cometidos pelo governo chavista. O comunicado, batizado de “Declaração do Panamá”, foi entregue às mulheres dos dois principais presos políticos venezuelanos. A reinvindicação também foi encaminhada ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.
Não estão incluídas na agenda oficial da Cúpula das Américas a crise venezuelana nem qualquer conflito entre governos, porém a declaração entregue nessa quinta aumenta a pressão internacional sob o governo da Venezuela. Maduro, no entanto, planeja entregar a Barack Obama uma lista com milhões de assinaturas de concidadãos que rejeitam a declaração de que a nação petroleira seria uma ameaça à grande potência americana. O Departamento de Estado americano já informou que Washington não ouvirá às reclamações venezuelanas sobre as sanções durante o evento.
Diálogo com os EUA – Em um pronunciamento nesta quinta-feira, Maduro confirmou que se encontrou por três horas com o Thomas Shannon, alto conselheiro do departamento americano de Estado, antes de viajar para a Cúpula das Américas. Shannon, ex-embaixador no Brasil entre 2009 e 2013, tinha o objetivo de buscar um acordo com a Venezuela antes do início do evento diplomático. Segundo o jornal El Nacional, Madurou indagou o funcionário americano sobre as razões que levaram Obama a considerar o país uma ameaça à segurança nacional. “Se não obtivermos resposta, não será possível começar uma nova era e abrir as portas da verdade para o respeito, para a diplomacia de paz”, propagandeou o bolivariano, sem obter as respostas desejadas.