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União Europeia inicia reunião para buscar soluções à crise migratória

Solução para a questão migratória também será decisiva para a chanceler alemã, Angela Merkel, que enfrenta pressões internas para resolver o problema

Por Da Redação
Atualizado em 28 jun 2018, 16h37 - Publicado em 28 jun 2018, 15h59
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  • Os líderes europeus enfrentam, a partir desta quinta-feira, uma reunião crucial sobre política migratória da União Europeia e a reforma da Eurozona mergulhados em profundas divisões. O encontro colocará em jogo o futuro da chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

    “A Europa tem muitos desafios, mas o relacionado com a questão migratória pode decidir o destino da União Europeia“, afirmou Merkel nesta quinta-feira (28), diante do Parlamento alemão. A chanceler enfrenta pressão de seus aliados no Parlamento, que pedem soluções unilaterais.

    O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, já advertiu hoje que a Itália poderá vetar as conclusões desta reunião de cúpula da União Europeia, em caso de divergência. Conte pediu “atos concretos” e “demonstrações de solidariedade” dos sócios.

    “A Itália não precisa de mais palavras, mas de atos concretos. Chegou a hora e, desse ponto de vista, (…) estou disposto a agir de acordo com isso”, declarou Conte, ao chegar com um pé atrás nesse encontro de dois dias em Bruxelas

    Três anos depois da maior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial, a acolhida dos imigrantes continua a gerar disputas entre os 28 países da União Europeia. Os sócios, porém, demonstram haver vontade política para dar, em uníssono, um novo impulso ao bloco diante da saída do Reino Unido, em março do ano que vem.

    A crise do Aquarius, barco que resgatou imigrantes no Mar Mediterrâneo e que foi impedido por Malta e pela Itália de atracar em seus portos, reabriu uma ferida e aprofundou o ceticismo sobre uma nova política imigratória na União Europeia. Os refugiados acabaram acolhidos pela Espanha, depois de dias à deriva no mar.

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    O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, advertiu que o bloco tem “muito em jogo”. Especialmente, quando mais pessoas acreditam que os movimentos “antieuropeus” e “com tendência a um autoritarismo aberto” podem deter a onda de migração ilegal. Os atuais governos de direita da Europa Central e do Leste foram eleitos graças às promessas de fechamento das suas fronteiras à imigração.

    Apesar da drástica redução das chegadas de imigrantes pelo Mediterrâneo – de um milhão em 2015 para cerca de 45.000 em 2018 -, o bloco está pressionado a conferir urgência política à proteção de suas fronteiras.

    A Alemanha simboliza a crise política na Europa vinculada à migração. A outrora influente chanceler Merkel enfrenta agora a  ameaça de seu ministro do Interior de impedir, de maneira unilateral, a entrada de solicitantes de refúgio procedentes de outros países da União Europeia.

    A proposta comum de Berlim e Paris para a reforma da Eurozona, acertada em Meseberg (nordeste da Alemanha), enfrenta reticências de alguns de seus sócios, liderados pela Holanda. Sobretudo, na questão do “orçamento para o euro”.

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    ‘O grande desafio’

    A reunião de cúpula europeia começou às 15h (10h no horário de Brasília), mas será apenas à noite que os líderes devem abordar a espinhosa questão da migração. Antes, devem tratar de sua cooperação com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e de sua política comercial, como a resposta a ser dada aos Estados Unidos pela imposição de tarifas de importação a produtos europeus.

    Embora o objetivo anunciado por Tusk, em dezembro, seja alcançar um “consenso” sobre a reforma da política comum de refúgio nessa reunião, em ponto morto após dois anos de conversas, os diferentes métodos para proteger as fronteiras europeias viraram prioridade.

    A principal proposta sobre a mesa será a criação de “plataformas regionais de desembarque fora da Europa”, para onde seriam transferidos os migrantes socorridos no mar e onde aguardariam a seleção dos que poderiam solicitar refúgio ao bloco.

    Várias fontes diplomáticas indicaram que essa proposta, evocada em um primeiro momento pela Agência das Nações Unidas  para os Refugiados (Acnur), ainda está em aberto.

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    O rascunho do documento final da reunião de Bruxelas traz um apelo aos governos para adotar medidas de contenção do movimento de solicitantes de refúgio entre os países do bloco, um fenômeno que pode “pôr em risco” o espaço de livre-circulação europeu.

    O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, classificou a reunião como “decisiva” em um artigo publicado no jornal The Guardian. “A ausência de um acordo sobre como administrar a crise migratória pode ser um golpe fatal no projeto europeu”, escreveu.

    “O tema migratório é o grande desafio da Europa, e é um desafio que não tem uma solução fácil”, reconheceu uma fonte diplomática europeia, para quem as “soluções imediatas não são realistas, mas são quase populistas”.

    (Com AFP)

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