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União Europeia decide congelar bens de Putin na Europa

Movimentação, que vai em linha com posição dos EUA, também pode mirar 'muitos outros' oligarcas russos, segundo autoridade

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Duda Gomes Atualizado em 25 fev 2022, 12h37 - Publicado em 25 fev 2022, 12h07

A União Europeia decidiu impor novas sanções contra Moscou, desta vez diretamente ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse uma autoridade do bloco à agência de notícias Reuters, sob condição de anonimato, nesta sexta-feira, 25. Entre as medidas está o congelamento de bens em solo europeu do presidente russo e de seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

“Estamos nos movimentando o mais rápido possível”, disse a autoridade, acrescentando que o bloco também pode mirar “muitos outros” oligarcas russos que já estão sob sanções. Ele não indicou, no entanto, se Putin e Lavrov teriam suas entradas proibidas no bloco.

A decisão foi confirmada pouco depois pela ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, após reunião em Bruxelas.

Sanções já em vigor por parte da União Europeia afetam todos os 351 membros da Duma, câmara baixa do Parlamento russo, que tiveram seus bens congelados e estarão proibidos de viajar aos países do bloco. Além disso, outras 27 entidades e indivíduos diretamente envolvidos na ameaça à integridade territorial da Ucrânia também foram afetados pelo pacote apresentado nesta quarta-feira. Entre eles estão bancos, membros do governo, autoridades militares envolvidas nas operações em Donbas, onde ficam as regiões pró-Moscou de Donetsk e Luhansk, e pessoas “responsáveis por liderar a guerra de desinformação na Ucrânia”.

+ Como a economia mundial sente os efeitos do ataque de Putin à Ucrânia

Na prática, um acordo entre líderes europeus significa uma movimentação junto à tentativa dos Estados Unidos de tomar medidas diretas contra Putin, algo que o presidente americano, Joe Biden, disse estar na mesa.

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As sanções já em vigor impostas pelos Estados Unidos limitam a capacidade da Rússia de negociar em dólares, euros, libras e ienes, além de cessar a capacidade de Moscou de financiar seu Exército. Ao todo, as sanções americanas sobre bancos russos atingem cerca de 1 trilhão de dólares em bens.

Na terça-feira, o governo americano já havia anunciado uma rodada de sanções, entre elas sanções a oligarcas, o que já havia sido levantado como possibilidade em dezembro do ano passado. A medida, no entanto, foi alvo de deboches do embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, que disse que “sanções não irão resolver nada no que diz respeito à Rússia”.

“É difícil imaginar que alguém em Washington esteja contando que a Rússia irá revisar o curso de suas políticas externas sob a ameaça de restrições”, declarou. “Não me lembro de um único dia quando nosso país viveu sem qualquer restrições do mundo Ocidental (…) Não há dúvidas de que as sanções impostas contra nós irão prejudicar o sistema financeiro global e os mercados energéticos. Os Estados Unidos não ficarão de fora”.

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Mais cedo nesta sexta-feira, em meio ao avanço de tropas russas em direção a Kiev, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenesky, pediu que a Europa agisse com mais rapidez e força na imposição de sanções contra Rússia.

“A Europa tem força o suficiente para cessar esta agressão. O que esperamos de países europeus – a abolição de vistos para russos, a desconexão do sistema financeiro global, completo isolamento da Rússia, retirada de seus embaixadores, embargo sobre petróleo, fechamento do espaço aéreo. Tudo isso precisa estar na mesa hoje”.

Durante a madrugada desta quinta-feira, forças russas invadiram a Ucrânia por terra, mar e ar concretizando os temores do Ocidente com o maior ataque de um Estado contra outro na Europa desde a II Guerra Mundial. Mísseis russos foram lançados contra cidades ucranianas e Kiev relatou tropas entrando em suas fronteiras nas regiões de Chernihiv, Kharkiv e Luhansk, e chegando via mar nas cidades portuárias de Odessa e Mariupol, ao sul do país.

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Apesar de represálias, incluindo na forma de sanções econômicas, o governo russo já vinha aproveitando o momento para colocar ainda mais  pressão sobre a Ucrânia e o presidente Volodymyr Zelensky, afirmando que a melhor solução para acabar com a crise seria o país desistir de entrar na Otan, principal aliança militar ocidental e grande ponto de atrito entre a Rússia e o Ocidente. 

Na segunda-feira, Moscou reconheceu a independência das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, que formam Donbas. Poucas horas depois, Putin anunciou a publicação de um decreto ordenando que o Ministério da Defesa envie tropas para “funções de manutenção da paz” para as repúblicas autoproclamadas. 

Segundo Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. De acordo com ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado. 

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A aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos trinta aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

Em fala na terça-feira, Putin também fez menção aos Acordos de Minsk, negociados em 2015, sob mediação da Alemanha e França, para um cessar-fogo nas duas regiões, que teriam em troca autonomia administrativa. Segundo ele, não há mais nada para ser cumprido e culpa o governo da Ucrânia pelo fracasso do acordo. 

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