Cerca de um milhão de espécies de plantas e animais estão em risco de extinção como consequência da ação humana na Terra, apontou um novo estudo divulgado pelas Nações Unidas nesta segunda-feira, 6.
De acordo com os cientistas, essas tendências podem ser interrompidas, mas será necessária uma “mudança transformadora” na forma como os seres humanos interagem com a natureza.
O relatório de 1.500 páginas, compilado por centenas de especialistas de todo o mundo e baseado em milhares de estudos científicos, é a análise mais aprofundada já publicada sobre o declínio da biodiversidade em todo o mundo e os perigos que essas mudanças podem trazer para a civilização humana.
Um resumo do estudo foi aprovado por representantes de 132 países na ONU e divulgado nesta segunda em Paris. O documento completo deve ser publicado ainda neste ano.
Segundo as principais conclusões do estudo já divulgadas, a natureza em todo o planeta está sofrendo perdas em sua biodiversidade a uma velocidade nunca vista antes. As necessidades do homem por mais alimentos e energia são os principais causadores desse declínio.
Na maioria dos principais habitats terrestres, das savanas da África às florestas tropicais da América do Sul, o número médio de plantas e animais nativos caiu 20% ou mais, principalmente desde 1990. Mais de 40% das espécies de anfíbios, quase 33% dos corais e mais de um terço de todos os mamíferos marinhos estão ameaçados
Com a população humana passando de 7 bilhões, atividades como agricultura, extração de madeira, caça furtiva, pesca e mineração estão alterando o mundo natural a uma taxa “sem precedentes na história da humanidade”.
Pelo menos 680 espécies de vertebrados foram levadas à extinção desde o século XVI e mais de 9% de todas as raças domesticadas de mamíferos usados para alimentação e agricultura foram extintas em 2016, com pelo menos mais 1.000 raças ainda ameaçadas.
“A saúde dos ecossistemas dos quais nós e todas as outras espécies dependem está se deteriorando mais rapidamente do que nunca”, afirmou Robert Watson, presidente do IPBES (Plataforma Intergovernamental de Política Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos). “Estamos destruindo as próprias fundações de nossas economias, meios de subsistência, segurança alimentar, saúde e qualidade de vida em todo o mundo ”.
Ao mesmo tempo, uma nova ameaça emergiu: o aquecimento global tornou-se um dos principais responsáveis pelo declínio da vida selvagem.
O relatório observa que, desde 1980, as emissões de gases estufa dobraram, elevando a temperatura média global em pelo menos 0,7 grau Celsius. Os impactos devem aumentar ainda mais nas próximas décadas.
“Apesar do progresso para conservar a natureza e implementar políticas, o relatório também considera que as metas globais para conservar e usar a natureza de forma sustentável e alcançar a sustentabilidade não podem ser alcançadas pelas trajetórias atuais”, diz o documento. “As metas para 2030 e além podem ser alcançadas apenas através de mudanças transformadoras dos fatores políticos e tecnológicos.”