Viviana García.
Londres, 5 ago (EFE).- Um ano depois dos distúrbios, Londres desfruta do espírito olímpico e deixa para trás o pesadelo que começou no dia 6 de agosto de 2011 quando milhares de pessoas saíram às ruas para saquear lojas e provocar incêndios.
A capital britânica parece neste domingo um lugar muito diferente do de agosto do ano passado, e suas ruas e lojas estão enfeitadas com bandeiras de todos os países para celebrar os Jogos Olímpicos, que inundaram o Reino Unido de patriotismo e alegria.
O apetite do povo por ver os eventos esportivos na vila olímpica de Stratford ou escutar os britânicos falar na rua da cerimônia de abertura dos jogos contrastam com o aspecto sombrio que vivia Londres quando há um ano aconteceram os piores distúrbios que podem se lembram.
Entre os dias 6 e 10 de agosto de 2011, milhares de pessoas, em sua maioria jovens que estavam de férias escolares, foram para as ruas em vários bairros da cidade para provocar distúrbios, saquear lojas, atacar e incendiar casas.
O ponto alto conflito começou em Tottenham, no norte de Londres, após uma manifestação pacífica pela morte do jovem de 29 anos Mark Duggan, que tinha sido baleado pela Polícia no dia 4 de agosto quando os agentes tentavam prendê-lo, aparentemente – segundo as forças da ordem – porque portava uma arma de fogo.
Os manifestantes exigiam uma resposta da Polícia porque a família de Duggan, de origem afro-caribenha, não tinha recebido informação suficiente sobre o incidente.
O silêncio policial provocou um descontentamento ainda maior que, como efeito dominou, se estendeu a outros bairros de Londres.
Assim, em poucos dias, os distúrbios chegaram a Wood Green, Hackney, Brixton, Peckham, Enfield, East Ham, Ealing e Croydont, assim como à zona comercial de Oxford Circus, no centro.
Entre os dias 8 e 10 de agosto, os incidentes passaram para os limites da capital para chegar às principais cidades da Inglaterra, como Birmingham, Bristol, Liverpool e Manchester.
O alcance da violência pôs a toda prova a resposta da Polícia e do Governo do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que cancelou suas férias na Itália para voltar a Londres.
Em poucos dias, as forças da ordem detiveram 3.100 pessoas, das quais cerca de mil foram acusadas por delitos relacionados com a desordem pública, o que obrigou os tribunais a ampliar seu horário de trabalho para atender o alto número de processados.
Segundo números oficiais, foram contabilizados 3.443 crimes vinculados aos distúrbios de Londres e outras cidades e o saldo de mortos foi de cinco pessoas, enquanto pelo menos 16 ficaram feridas.
Os danos materiais chegaram aos 200 milhões de libras (US$ 300 milhões), enquanto muitas lojas foram prejudicadas pela falta de atividade comercial, já que muita gente decidiu não sair às ruas por causa dos atos de vandalismo.
As imagens captadas pelos canais de televisão mostravam uma situação que se parecia mais à de uma cidade em estado de guerra civil que de uma capital cosmopolita e dinâmica como é Londres.
Perante esta situação, o Parlamento foi convocado em caráter de emergência, os deputados tiveram que suspender suas férias enquanto eram feitas perguntas sobre os verdadeiros motivos e os sociólogos tentavam encontrar respostas.
Um estudo feito pela Universidade London School of Economics (LSE), intitulado ‘Reading the Riots’ (Uma leitura dos distúrbios), concluiu que entre os fatores estavam o oportunismo, a injustiça social, necessidades econômicas e frustração, apesar de os acadêmicos ainda debaterem para encontrar mais respostas. EFE