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UE orienta que países reduzam 90% das emissões de poluentes até 2040

Proposta, no entanto, deixou de mirar na agricultura em razão dos intensos protestos de fazendeiros que tomaram conta da Europa

Por Da Redação
6 fev 2024, 16h58

A Comissão Europeia recomendou nesta terça-feira, 6, que os países-membros da União Europeia reduzam 90% das emissões de gases do efeito estufa até 2040, entre eles dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O), para combater as mudanças climáticas. A proposta, no entanto, deixou de mirar diretamente na agricultura, em razão dos intensos protestos de fazendeiros que tomaram conta da Europa na última semana.

“Precisamos de garantir uma abordagem equilibrada”, disse o comissário Wopke Hoekstra ao Parlamento Europeu, durante a apresentação da proposta. “A grande maioria dos nossos cidadãos vê os efeitos das alterações climáticas e quer proteção [contra elas], mas também está preocupada com o que isso implica para a sua subsistência.”

Um rascunho do documento obtido pela agência de notícias Reuters anteriormente instava os agricultores a encolherem em 30%, nos próximos 16 anos, as emissões dos gases do efeito estufa exceto o CO2, tomando como base os índices de 2015. Esse parágrafo não está presente na versão apresentada nesta terça-feira.

“A definição de uma meta climática para 2040 ajudará a indústria, os investidores, os cidadãos e os governos europeus a tomarem decisões nesta década que manterão a União Europeia no caminho certo para cumprir o seu objetivo de neutralidade climática [zerar emissões líquidas] em 2050. Isso enviará sinais importantes sobre como investir e planejar com eficiência no longo prazp, minimizando os riscos de ativos irrecuperáveis”, complementou o comunicado.

+ ‘Paciência acabou’: Protestos de agricultores explodem em países da Europa

Protestos de fazendeiros

A insatisfação dos trabalhadores rurais alcançou um pico no início deste ano devido a uma combinação de fatores: alta nos custos de produção, queda do valor de produtos agrícolas, aumento das importações de alimentos, e ampliação das restrições ao cultivo na União Europeia para combater as mudanças climáticas.

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Na semana passada, a fronteira entre Holanda e Bélgica foi bloqueada por agricultores, assim como estradas na Polônia, na Grécia e em Portugal.

Conhecida pelos seus explosivos protestos, a França permaneceu sob bloqueios intensos de rodovias por duas semanas, mas os sindicatos do setor recuaram na última sexta-feira 2, devido à promessa do primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, para controlar a entrada de produtos agrícolas estrangeiros no país e incentivar o mercado interno.

+ Devido a protestos do agro, UE quer adiar novas regras sobre cultivo

Futuro incerto no Parlamento

Implementar a sugestão da Comissão Europeia depende da aprovação do Parlamento Europeu. A votação, contudo, ficará nas mãos dos eurodeputados a serem eleitos em junho. Ao que tudo indica, a empreitada ecológica enfrentará dificuldades: as últimas pesquisas sugerem que a maioria dos assentos no legislativo do bloco será arrebatada pela direita e extrema direita, grupos contrários a rígidas medidas de controle ambiental.

Um relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR), divulgado no final de janeiro, projeta que ultradireitistas terão sucesso em ao menos nove países. Entre eles estão Áustria, Bélgica, República Checa, França, Hungria, Itália, Países Baixos, Polônia e Eslováquia.

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Em alerta aos futuros eurodeputados, a Comissão Europeia citou o cumprimento do Acordo de Paris, assinado por 196 países em 2015, como um dos principais motivos para defender a importância da aplicação da medida. No X, antigo Twitter, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, afirmou que “melhores formas e soluções” para a redução audaciosa da emissão dos poluentes serão encontradas “num amplo diálogo político com as partes interessadas e os cidadãos”.

https://x.com/vonderleyen/status/1754888015363641348?s=20

+ Pesquisa prevê ‘acentuado giro à direita’ nas eleições da União Europeia

Reações polarizadas

Embora a União Europeia tenha pegado leve com o setor da agricultura, as recomendações passaram longe de agradar políticos da direita. Alexandr Vondra, do grupo anti-UE Conservadores e Reformistas Europeus, condenou as novas “ambições irrealistas” e o esforço para “forçar as pessoas a terem um estilo de vida diferente”, mesmo com os intensos protestos no continente.

O posicionamento foi compartilhado pela ultradireitista Sylvia Limmer, eurodeputada do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que chamou os defensores de políticas ambientais de “estúpidos” e os culpabilizou por crises econômicas.

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Em contrapartida, a eurodeputada do Grupo de Esquerda, Silvia Mordig, disse que os fazendeiros também precisam fazer sua parte no combate às mudanças climáticas. A opinião foi endossada pelo deputado do grupo dos “partidos verdes” no Parlamento Europeu, Bas Eickhout, que definiu como “erro” a decisão de “não falar sobre agricultura”.

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