A União Europeia e o Reino Unido chegaram a um consenso nesta segunda-feira, 11, sobre a preservação temporária do livre comércio entre as Irlandas e o direito de Londres de acabar em qualquer momento com essa situação. A medida, em princípio, poderá facilitar a aprovação do acordo bilateral sobre a saída do Reino Unido do bloco europeu, o chamado Brexit, nesta terça-feira, 12 pela Câmara dos Comuns.
O consenso foi alcançado durante negociação, em Estrasburgo, França, entre o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May. Segundo Juncker, acordos alternativos serão buscados até o final de 2020 para estabelecer as regras para a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.
“Concordamos com o acordo que evita ‘backstop’ nas Irlandas para sempre”, afirmou May à imprensa, valendo-se do termo relativo à preservação das atuais regras de comércio nessa fronteira sensível.
Juncker ressaltou que o instrumento fechado hoje, com força legal, dá maior clareza ao acordo do Brexit. Ele disse que o bloco lamenta, mas respeita o desejo do povo britânico de retirar-se da União Europeia, expresso no plebiscito de 2016.
“O acordo de retirada pode ser ratificado e concluído a tempo”, afirmou o presidente da Comissão Europeia. May, por sua vez, disse que o resultado das conversas de hoje em Estrasburgo equivale a uma “política de segurança”. “É posição do Reino Unido que não haverá nada para impedir o Reino Unido de instigar medidas que, em última instância, revogariam o ‘backstop’.”
Juncker insistiu que será a última alternativa para evitar uma separação sem acordo nenhum, hipótese que resultaria em riscos maiores para a economia do Reino Unido.
A premiê britânica espera obter apoio no Parlamento para o acordo fechado entre as partes. Mas a oposição não tende a tornar a votação mais fácil. O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, disse que os parlamentares britânicos precisam rejeitar o acordo do Brexit de May.
“As negociações da primeira-ministra fracassaram. O acordo desta noite com a Comissão Europeia não contêm nada abordando as mudanças que Theresa May prometeu ao Parlamento”, disse Corbyn em comunicado. “É por isso que os membros do Parlamento precisam rejeitar esse acordo”.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)