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Ucrânia vive dia apocalíptico: quase 100 mortes

Em meio ao caos, governo ucraniano se reúne com emissários da União Europeia. Rússia pressiona Kiev e pede para presidente 'não ser capacho'

Por Da Redação
20 fev 2014, 13h06

Cerca de 100 pessoas morreram nesta quinta-feira em Kiev no dia mais sangrento dos protestos contra o governo, relata o jornal francês Le Monde. O chefe do serviço médico que atua na Praça da Independência confirma o número de mortes e relata que cerca de 500 pessoas estão feridas. Enquanto o clima em Kiev está próximo de uma guerra civil, no Parlamento, o deputado Siatoslav Khanenko, do partido opositor Svoboda (Liberdade), denunciava que “as forças de segurança estão utilizando balas de combate comuns e antiblindados, disparando para matar”.

Mais de uma dezena de corpos de manifestantes foram levados para a recepção do hotel Ukrania, na Praça da Independência. Segundo as agências de notícias, os corpos estão cobertos com lençóis e são guardados por profissionais de saúde que atendem os manifestantes feridos. Os ativistas opositores asseguram que no alto do hotel está um franco-atirador e que ele é um dos que disparam contra os manifestantes. Os feridos são encaminhados ao hotel, que se transformou em uma espécie de hospital de campanha para os opositores. Não há ainda um número oficial de vítimas fatais e feridos do Ministério da Saúde ucraniano.

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Centenas de opositores radicais obrigaram a tropa de choque, que cercava a Praça da Independência, a recuar. Manifestantes com capacetes e escudos e armados de paus e coquetéis molotov tomaram o controle da Praça Europa, junto ao começo da rua Grushevski, onde se encontra a sede do governo. O Ministério do Interior informou que ao menos 67 policiais são mantidos reféns pelos manifestantes em Kiev.

Diante da tragédia, o prefeito de Kiev anunciou que abandonou o partido do presidente Viktor Yanukovich como forma de protesto. “Estou disposto a tudo para deter a luta fratricida e o banho de sangue no coração da Ucrânia, na Praça da Independência”, disse Volodimir Makeienko. “A vida humana deve ser o valor supremo de nosso país, e nada deve contradizer este princípio”, acrescentou o prefeito.

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Pelo lado do governo, o ministro do Interior, Vitali Zakharchenko, ordenou que os manifestantes entreguem suas armas de combate aos soldados da polícia. “No marco das ações do Centro Antiterrorista estamos assinando os correspondentes decretos: que sejam entregues armas de combate às forças de segurança”, afirmou Zakharchenko em mensagem dirigida à nação.

Negociações diplomáticas – Autoridades da União Europeia (UE) estão em Kiev e pressionarão o presidente Yanukovich a realizar eleições antecipadas. É uma tentativa de melhorar a situação no país e diminuir a violência. Na manhã desta quinta-feira, o ministro de Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, disse que não via outra opção a não ser a realização de novas eleições. “Quando temos uma situação travada como esta, precisamos nos voltar ao povo”, disse.

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O ministro de Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, seu colega francês, Fabius, e o chefe da diplomacia polonesa, Radoslaw Sikorski, deveriam se reunir com Yanukovich em meio à caótica situação em Kiev. A UE quer iniciar o quanto antes as negociações com o governo e a oposição para buscar alterações constitucionais para o estabelecimento de uma democracia genuína, afirmou uma fonte diplomática. Uma porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha disse que os ministros estavam no interior do palácio presidencial. Sikorski havia dito mais cedo em sua conta no Twitter que detonações e disparos podiam ser ouvidos nas proximidades do palácio presidencial. Segundo ele, as autoridades estavam em “pânico”.

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A delegação europeia deve voltar a Bruxelas na tarde desta quinta-feira. Depois, a delegação vai se reunir com todos os ministros de Relações Exteriores do bloco para discutir a crise na Ucrânia e a possível adoção de sanções contra o país. Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel ligou para Yanukovich e pediu que ele aceite a ajuda da UE para dialogar com a oposição.

Pressão russa – Diante da presença dos emissários europeus em Kiev, a Rússia alertou Yanukovich para não se tornar “um capacho” sob os pés dos seus oponentes, num claro sinal de que Moscou deseja a volta da ordem no país vizinho antes de entregar mais dinheiro. Em meio a um cabo-de-guerra com o Ocidente na disputa por influência sobre a Ucrânia, Moscou elevou o cacife da aposta ao vincular explicitamente a liberação de um crédito de 2 bilhões de dólares ao fim dos protestos.

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(Com agências EFE, Reuters e France-Presse)

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