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Ucrânia convoca reservistas e anuncia estado de emergência

Kiev também alertou cidadãos a deixarem Rússia imediatamente, afirmando que não cumprimento 'complicaria significativamente' proteção adequada 

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 fev 2022, 18h07 - Publicado em 23 fev 2022, 10h23

Citando as ameaças impostas por Moscou, o governo da Ucrânia adotou nesta quarta-feira, 23, uma série de medidas de preparação, incluindo a convocação de reservistas e o pedido para que seus cidadãos deixem a Rússia imediatamente.

Em decreto, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, deu início à convocação de reservistas de 18 a 60 anos de idade pelo período máximo de serviço de um ano. A Ucrânia tem quase 200.000 reservistas e 250.000 militares na ativa nas Forças Armadas.

Para seus cidadãos, Kiev pediu que não visitem a Rússia e alertou ucranianos que estão no país vizinho a saírem imediatamente. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o não cumprimento das recomendações “complicará significativamente” a proteção adequada de ucranianos em território russo.

Diversos países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha já pediram para seus cidadãos deixarem a Ucrânia, temendo avanços militares.

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Junto às medidas já impostas, o Parlamento Ucraniano deve aprovar nas próximas horas um estado de emergência em todas as partes do país sob controle do governo. A medida teria duração de 30 dias, com possibilidade de extensão por mais 30 dias.

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“Em todos os territórios de nosso país, com exceção de Donetsk e Luhansk, um estado de emergência será introduzido”, disse Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, nesta quarta-feira. “O principal objetivo da Federação Russa é desestabilizar a Ucrânia por dentro e alcançar seu objetivo. Para impedir que isto aconteça, decidimos hoje e tomamos essa decisão hoje.

As regiões separatistas pró-Moscou de Donetsk e Luhansk, que formam a região de Donbas, tiveram independência reconhecida na segunda-feira pela Rússia. Poucas horas depois, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a publicação de um decreto ordenando que o Ministério da Defesa envie tropas para “funções de manutenção da paz” para as repúblicas autoproclamadas. 

À imprensa, Danilov afirmou que o estado de emergência incluirá “fortalecimento da ordem pública e segurança de instalações críticas de infraestrutura”, além de maiores inspeções em certos movimentos de transportes. Autoridades regionais também terão o poder de tomar decisões sobre a introdução de toque de recolher e outras especificidades. 

“Dependendo das circunstâncias, pode haver maiores ou menores medidas para garantir a segurança de nosso país.

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A eventual aprovação do estado de emergência, segundo Danilov, não representa uma mobilização geral ou a imposição de lei marcial, que colocaria em vigor restrições mais duras. No caso de lei marcial, haveria proibições de reuniões, movimentos e partidos políticos.

“Se necessário, esta disposição será adotada imediatamente”, alertou.

Apesar de represálias, incluindo na forma de sanções econômicas, o governo russo vem aproveitando o momento para colocar ainda mais  pressão sobre a Ucrânia e Zelensky, afirmando que a melhor solução para acabar com a crise seria o país desistir de entrar na Otan, principal aliança militar ocidental e grande ponto de atrito entre a Rússia e o Ocidente. 

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Segundo Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. De acordo com ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado. 

A aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos trinta aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

Em fala na terça-feira, Putin também fez menção também aos Acordos de Minsk, negociados em 2015, sob mediação da Alemanha e França, para um cessar-fogo nas duas regiões, que teriam em troca autonomia administrativa. Segundo ele, não há mais nada para ser cumprido e culpa o governo da Ucrânia pelo fracasso do acordo. 

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