Turquia se desculpa por truculência policial em protestos
Até agora, duas pessoas morreram em manifestações contra o governo
Por Da Redação
4 jun 2013, 09h56
O vice-primeiro-ministro da Turquia, Bulent Arinc, pediu desculpas nesta terça-feira aos manifestantes feridos nos protestos contra o governo que se estendem no país pelo quinto dia consecutivo – e que deixaram, ainda, dois mortos. Arinc disse que as manifestações são “justas e legítimas”, mas condenou o seu caráter violento.
“Eu peço desculpas aos cidadãos que sofreram violência devido à sua sensibilidade ecológica”, disse Arinc em sua conta no Twitter, referindo-se à origem dos protestos – a transformação de um parque em uma galeria comercial. “Eu não acho que nós precisamos pedir desculpas àqueles que destruíram propriedades públicas nas ruas nem aos que tentam limitar a liberdade do povo nas ruas”, afirmou o vice-premiê. Segundo ele, há 64 manifestantes feridos.
“Estamos abertos a todas as reações, mas não deve haver violência. A reação do povo no parque foi legítima e justa, mas esta reação legítima foi utilizada com abuso por grupos marginais ilegais”, afirmou o vice-primeiro-ministro turco. Arinca também disse estar disposto a se reunir com os organizadores dos protestos.
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Em entrevista concedida à imprensa em Ancara após uma reunião com o presidente turco, Abdullah Gül, o número dois do governo islamita moderado reconheceu que “a violência exagerada da polícia no começo dos incidentes no parque provocou uma reação”.
Greve – Vários sindicatos já deram início a uma greve geral de dois dias em apoio aos protestos. O objetivo da greve, segundo os organizadores, é denunciar o “estado de terror” vivido no país e, por isso, pediram a seus filiados comparecerem a seus postos de trabalho vestindo roupas negras, mas sem trabalhar.
Os protestos começaram depois do despejo forçado de um acampamento pacífico no parque Gezi de Istambul – a área verde que será transformada em um centro de compras. As mobilizações se estenderam pelo país em denúncia ao caráter autoritário do governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.
Insatisfação popular – As manifestações acabaram se tornando uma expressão mais ampla do descontentamento popular com os planos de desenvolvimento urbano do governo, com o apoio aos rebeldes na vizinha Síria – que muitos acreditam ter feito o conflito chegar ao território turco – e, também, com medidas autoritárias, entre elas a recente restrição à venda de bebidas alcoólicas na madrugada e as advertências contra demonstrações públicas de afeto.
Os manifestantes acreditam que o governista Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) está tentando impor valores islâmicos conservadores no país e atropelar as liberdades individuais.
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Turismo – Enquanto isso, os protestos já começaram a afetar o setor turístico na Turquia, onde 40% das reservas hoteleiras foram canceladas nos últimos dias em Istambul. “Nos dois últimos dias, os hotéis em Taksim (ao redor da praça que aparece como epicentro das manifestações) e em Kadikoy (região de Istambul) começaram a ficar vazios. Os cancelamentos das reservas são de até 40%”, afirmou nesta terça-feira a um jornal local Milliyet Timur Bayindir, presidente da União de Hotéis e Investidores Turísticos.
Bayindir disse que são muitos os países, tanto ocidentais quanto do Oriente Médio, que estão recomendando seus cidadãos a não viajar mais ao país euro-asiático durante as manifestações. Segundo Bayindir, junho, que normalmente é muito rentável para o setor, poderá ser um mês de significativas perdas. Em todo o país, os cancelamentos já chegam a 10%.
Além disso, a Bolsa de Istambul está registrando as perdas mais fortes desde 2001, com uma queda de 8%, enquanto a lira turca se desvalorizou tanto frente ao dólar como diante do euro.
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