O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou censurar novo livro de seu ex-conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, chamado “The Room Where it Happened” (“O recinto onde ocorreu”, em português). Bolton ainda pode se tornar uma testemunha no julgamento de impeachment do republicano pelo Senado a partir de sexta-feira, 31.
Em carta datada da última quinta-feira 23 e dirigida ao advogado de Bolton, Charles Cooper, o Conselho Nacional de Segurança (CNS), um órgão da Casa Branca, informou que proibiu o livro do ex-conselheiro após uma revisão preliminar do texto — processo adotado com qualquer funcionário da Casa Branca que escreva um livro.
Segundo o CNS, há “uma quantidade significativa de informação sigilosa”, dentre elas algumas são ‘ultra secretas’, definidas como informação que “possa razoavelmente causar danos excepcionalmente graves à segurança pública” dos Estados Unidos.
A Casa Branca defende a não publicação do livro enquanto esses dados não forem “revisados” com base em legislação federal não especificada e nos termos de confidencialidade com os quais Bolton se comprometeu para assumir o cargo de conselheiro de Segurança Nacional, posto que ocupou entre abril de 2018 e setembro de 2019.
Trump voltou nesta terça-feira, 29, a atacar Bolton e seu excessivo apelo ao militarismo para decidir conflitos internacionais, motivo pelo qual teria sido demitido — o ex-conselheiro alega que, na verdade, ele pediu demissão.
“Foi demitido porque, francamente, se eu o escutasse, já estaríamos na Sexta Guerra Mundial, e sai e IMEDIATAMENTE escreve um livro desagradável e falso. Tudo confidencial de Segurança Nacional”, tuitou o presidente.
Impeachment
Segundo reportagem do jornal The New York Times publicada no domingo 26, com base em trechos vazados do livro de Bolton, o ex-conselheiro afirma que o presidente americano o disse em agosto de 2019 querer continuar congelando o auxílio militar à Ucrânia enquanto as autoridades ucranianas não retomassem investigações contra Joe Biden, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e possível rival de Trump nas eleições presidenciais de 2020.
O congelamento do auxílio militar à Ucrânia com fins políticos de prejudicar a campanha de um adversário à presidência é uma das bases para o impeachment de Trump, aprovado pela Câmara em setembro e julgado pelo Senado desde 20 de janeiro.
A revelação fortaleceu os democratas, que há semanas pedem que o Senado convoque Bolton e funcionários do alto escalão da Casa Branca como testemunhas no julgamento, iniciativa que conta com forte oposição de Trump e seus partidários. A votação para decidir se novas testemunhas serão ouvidas pelos senadores deve ocorrer nesta sexta-feira, 31.
Bolton disse que está preparado para testemunhar se for convocado pelo Congresso.
(Com AFP)