Trump é advertido por Twitter e Facebook por menosprezar Covid-19
Postagem publicada após alta do presidente foi removida das redes sociais por 'espalhar informações enganosas e potencialmente prejudiciais'
Uma publicação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi excluída do Facebook e ocultada do Twitter nesta terça-feira, 6, por “espalhar informações enganosas e potencialmente prejudiciais”, segundo as redes sociais. No texto, publicado após sua alta do hospital, Trump afirmava que a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, era “menos letal” do que a gripe.
“Muitas pessoas, às vezes mais de 100 mil, e apesar da vacina, morrem de gripe todos os anos. Devíamos fechar nosso país? Não, aprendemos a viver com isso, assim como estamos aprendendo a viver com a Covid, muito menos fatal para a maioria da população!!!”, escreveu Trump.
Estima-se que cerca de 22 mil pessoas morreram de gripe na temporada 2019-2020, de acordo com estatísticas oficiais. Os Estados Unidos somam quase 7,5 milhões de casos de Covid-19, incluindo 210.239 mortes.
Flu season is coming up! Many people every year, sometimes over 100,000, and despite the Vaccine, die from the Flu. Are we going to close down our Country? No, we have learned to live with it, just like we are learning to live with Covid, in most populations far less lethal!!!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 6, 2020
No Twitter, a postagem fica escondida atrás do alerta de informação enganosa, enquanto o Facebook a removeu completamente da plataforma.
“Removemos informações incorretas sobre a gravidade da Covid-19 e agora removemos esta postagem”, disse Andy Stone, gerente de comunicações de políticas do Facebook.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, cujo Centro de Recursos do Coronavírus faz um levantamento em tempo real sobre a pandemia no mundo, a taxa de mortalidade exata da Covid-19 não é conhecida. Contudo, acredita-se que seja possivelmente 10 vezes maior que a maioria das cepas de gripe.
O líder americano também anunciou que está planejando participar do debate presidencial da próxima quinta-feira, 15 de outubro, em Miami, com o rival democrata Joe Biden, apesar de ainda estar infectado com o novo coronavírus.
“Estou ansioso para o debate na noite de quinta-feira, 15 de outubro em Miami. Vai ser ótimo!”, Trump publicou no Twitter, depois de voltar do Centro Médico Militar Nacional Walter Reed, onde havia sido internado na sexta. Em um tuíte separado, ele completou: “SENTINDO-ME ÓTIMO!”.
O presidente indicou repetidamente que pretende continuar a campanha, mesmo com alertas médicos de que a doença é imprevisível em pessoas mais velhas e com índice de massa corporal acima de 30. O republicano completou 74 anos em junho.
Controle das redes
Trump está agora na Casa Branca, depois de três dias internado no hospital com coronavírus. Ele reagiu à medida das redes logo em seguida, com outra postagem: “REVOGUEM A SEÇÃO 230!!!” – lei que determina que as redes sociais não são responsáveis pelo conteúdo postado por seus usuários, mas permite a remoção de conteúdo ofensivo, assediador ou violento.
Se a lei for revogada, empresas como Facebook e Twitter poderão ser processadas se interferirem no conteúdo dos usuários.
Ambas prometeram combater notícias falsas e potencialmente perigosas sobre o coronavírus. Esta é a segunda vez que o Facebook exclui uma postagem do presidente – o Twitter se mostrou mais frequente, com exclusões e avisos. Trump acusa as empresas de editorialização, ou seja, de alterarem o conteúdo de acordo com a opinião das organizações.
Trump assinou uma ordem executiva para revogar a Seção 230 em maio, depois do Twitter colocar pela primeira vez um rótulo de advertência em suas postagens.
O Partido Republicano diz que empresas de mídias sociais fazem censura direta das opiniões conservadoras. Na semana passada, o Comitê de Comércio do Senado dos Estados Unidos intimou os C.E.Os do Facebook, Twitter e Google a investigar a questão.