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Trump ataca deputada ex-refugiada e multidão grita: ‘Mande-a de volta’

Presidente americano insiste em tom agressivo contra congressistas de famílias estrangeiras, apesar de acusações de racismo nos EUA e fora do país

Por Da Redação
Atualizado em 18 jul 2019, 11h51 - Publicado em 18 jul 2019, 10h13

Durante comício na Carolina do Norte nesta quarta-feira 17, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a atacar a deputada democrata e ex-refugiada Ilhan Omar, que nasceu na Somália. Em resposta ao discurso, a multidão de eleitores republicanos gritou em coro: “Mande-a de volta”.

Em seu discurso na cidade de Greenville, Trump acusou Omar de minimizar os atentados terroristas de 11 de Setembro e de “rir de americanos que alertavam sobre a Al Qaeda”.

O presidente ainda continuou seus ataques contra outras deputadas democratas de famílias estrangeiras, dizendo que elas “detestam” os Estados Unidos.

“Estes ideólogos de esquerda (…) querem destruir nossa Constituição, suprimir os valores sobre os quais nosso magnífico país foi construído”, disse Trump. “Esta noite, renovamos nossa determinação de que os Estados Unidos não se tornarão um país socialista.”

Durante sua fala, os apoiadores do republicano gritaram, em coro, em referência a Omar: “Mande-a de volta”.

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A congressista nasceu na Somália, passou quatro anos em um campo de refugiados no Quênia até emigrar para os Estados Unidos e construir uma carreira política no estado de Minnesota. Ela foi eleita para a Câmara em novembro passado junto a um elenco de calouros, todos ungidos pela reação anti-Trump.

Ilhan Omar respondeu aos ataques no Twitter com um poema da poeta americana Maya Angelou. “Você pode atirar em mim com suas palavras. Você pode me cortar com seus olhos. Você pode me matar com seu ódio, mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.”

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Ataques racistas

Omar é uma das quatro congressistas do Partido Democrata que estão no centro das recentes polêmicas envolvendo o presidente americano.

Em uma série de mensagens publicadas em sua página no Twitter no último domingo 14, o republicano disse — sem mencionar nomes — que deputadas democratas de famílias estrangeiras deveriam retornar ao seu país para ajudar a consertar “os lugares totalmente quebrados e infestados com crime de onde vieram”.

Após receber muitas críticas, Trump voltou a atacar as congressistas no dia seguinte, dizendo que as parlamentares são um “bando de comunistas” e as acusando de serem “antissemitas” e antiamericanas.

Apesar de não ter usado nomes, ficou claro que o presidente se referia às deputadas democratas que ficaram conhecidas nos Estados Unidos como “O Esquadrão”. Além de Omar, o grupo é formado por Alexandria Ocasio-Cortez, de família porto-riquenha, Rashida Tlaib, de família palestina, e pela afroamericana Ayanna Pressley.

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As quatro congressistas têm cidadania americana, mas o presidente Donald Trump as classifica como estrangeiras em seus discursos.

Na terça-feira 16, a Câmara dos Deputados aprovou uma resolução que condena como “racistas” as mensagens do presidente no Twitter. O texto passou por 240 votos a 187, com apoio majoritário dos democratas. Apenas quatro republicanos e um independente, Justin Amash de Michigan, votaram a favor da medida.

A resolução é simbólica. Ela afirma que a Câmara “condena fortemente os comentários racistas do presidente Donald Trump que têm legitimado e elevado o medo e o ódio de novos americanos e pessoas não brancas”.

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A votação mostrou que o presidente pode contar com o apoio dos representantes republicanos. Em geral, seus correligionários são muito cautelosos quanto a criticar aquele que será – salvo alguma surpresa de última hora – seu candidato em 2020.

Ainda que tenha aprovado a resolução contra Trump, a Câmara rejeitou nesta quarta a proposta para se iniciar um processo de impeachment contra o presidente. A proposta foi rejeitada por 332 votos contra 95, o que revelou a divisão dentro do Partido Democrata sobre o tema.

Campanha

“Grande comício esta noite em Greenville”, tuitou Trump, depois do comício na Carolina do Norte. “Eu falarei das pessoas que amam nosso país e daquelas que o detestam”, acrescentou, mostrando que insistirá no mesmo tom, responsável por uma onda de indignação nos Estados Unidos e fora do país.

Na disputa pela reeleição em 2020, o magnata republicano, de 73 anos, dá passos firmes, ainda que arriscados. Alimentando tensões raciais e ideológicas, ele renuncia claramente a adotar um discurso conciliador e se concentra, mais do que nunca, na mobilização do eleitorado branco.

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Suas declarações não parecem afetar a popularidade de Trump entre os eleitores republicanos.

Seu índice de aprovação no país até aumentou cinco pontos, chegando a 72%, de acordo com pesquisa Reuters/Ipsos realizada na segunda e na terça-feira desta semana. Em comparação com a semana passada, seu índice de popularidade no eleitoral em geral se manteve estável, em 41%.

Para Joe Biden, vice-presidente de Obama durante oito anos e atual pré-candidato democrata à Casa Branca, nenhum chefe de Estado americano “foi tão abertamente racista como este homem”.

“Pode-se imaginar um presidente conservador como George W. Bush, dando essas declarações racistas?”, questionou o também pré-candidato democrata na corrida para 2020 Bernie Sanders.

(Com AFP)

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