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Trump assina decreto que impõe novas tarifas sobre alumínio e aço

Taxas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio elevam perspectiva de uma guerra comercial global e devem atingir duramente os mercados de ações

Por Da redação
Atualizado em 9 mar 2018, 11h41 - Publicado em 8 mar 2018, 18h07

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na tarde desta quinta-feira a imposição de novas tarifas sobre as importações de alumínio e aço para o país, apesar dos vários alertas de líderes internacionais sobre a possibilidade de uma guerra comercial global. As tarifas consistem em uma taxa de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, como antecipou o próprio presidente há poucos dias. A medida deve entrar em vigor em 15 dias.

Trump também confirmou que Canadá e México serão poupados das novas taxas por enquanto e afirmou que outros países, como Austrália, também podem ficar isentos. A nova ordem, contudo, deve atingir Coreia do Sul, China, Japão, Alemanha, Turquia e Brasil.

Segundo o presidente, os Estados Unidos estavam sofrendo com o “comércio injusto” com outras nações, já que as taxas de importação do aço e alumínio implantadas até então eram muita mais baixas do que as estipuladas por outros países. “Não tomamos estas ações por escolha, mas por necessidade”, afirmou Trump no evento na Casa Branca.

As medidas foram tomadas para combater “uma crise crescente em nossa produção de aço e alumínio que ameaça a segurança de nossa nação e também é ruim para nossa economia e nossos empregos”, disse.

A medida é uma promessa de campanha do presidente para a indústria siderúrgica local. A decisão pode prejudicar fortemente as exportações do Brasil, que é o segundo maior fornecedor em volume do mercado de aço.

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Canadá e México, porém, podem perder o privilégio, dependendo de como serão as renegociações do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte)

As conversas sobre tarifas elevaram a perspectiva de uma guerra comercial global e atingiram duramente os mercados de ações. Tanto a União Europeia quanto a China disseram que vão retaliar a ação americana. “Se Donald Trump impuser as medidas nesta noite, temos todo o arsenal à nossa disposição para responder”, afirmou o Comissário Europeu de Assuntos Financeiros, Pierre Moscovici. As contramedidas incluiriam a imposição de tarifas sobre as importações europeias de laranjas, tabaco e bourbon dos Estados Unidos, disse Moscovici.

O governo chinês, que até agora tinha mantido em grande parte silêncio sobre o assunto, aumentou o tom significativamente. O país tem como carta na manga as grandes exportações agrícolas dos Estados Unidos e já disse no passado que poderia alvejar a soja. A China registrou um superávit recorde de 375,2 bilhões de dólares no comércio com os Estados Unidos no ano passado.

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Brasil

O governo brasileiro também havia reagido à possibilidade da implementação das taxas. Em nota, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) afirmou que a medida afetará os produtos brasileiros vendidos aos EUA. “O governo brasileiro não descarta eventuais ações complementares, no âmbito multilateral e bilateral, para preservar seus interesses no caso concreto”, afirma o texto. No ano passado, o país exportou 2,6 bilhões de dólares (cerca de 8,5 bilhões de reais) em aço aos Estados Unidos, principal comprador do produto brasileiro.

O mais relevante argumento de integrantes do governo e da indústria siderúrgica nacional para tentar livrar o produto da limitação é que 80% do que o Brasil exporta para o mercado americano são produtos semiacabados de aço. Ou seja, são insumos para a própria indústria siderúrgica local, que Trump quer proteger. Além disso, dada a complementaridade das cadeias produtivas, o produto brasileiro não representa risco à indústria local, nem à segurança dos Estados Unidos.

Outro ponto levantado pelos brasileiros é que a indústria siderúrgica nacional utiliza carvão americano na sua produção. Ou seja, a restrição prejudicaria os dois lados do comércio.

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Gafe

Trabalhadores da indústria do aço e do alumínio compareceram ao evento de anúncio das novas tarifas e foram convidados por Trump a contar suas próprias experiências na área. O republicano, contudo, cometeu uma gafe com um dos trabalhadores ao assumir erroneamente que o pai dele estava morto.

O presidente de um dos sindicatos americanos da indústria, Scott Sauritch, contou a história de quando seu pai perdeu o emprego na década de 80 após a diminuição dos impostos de importação no país. “Bem, seu pai está olhando para você lá de cima, ele está muito orgulhoso”, respondeu Trump ao final do discurso. Sauritch, no entanto, corrigiu rapidamente: “Ah, ele ainda está vivo”.

“Então ele está ainda mais orgulhoso de você”, disse Trump, rindo, assim como todos os outros presentes no evento.

(Com Estadão Conteúdo)

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