O total de venezuelanos que fugiram da crise econômica e política de sua terra-natal aumentou para 3 milhões desde 2015, informou nesta quinta-feira, 8, a Organização das Nações Unidas (ONU). Desse contingente, 2,4 milhões buscaram abrigo em outro país da América Latina – o Brasil recebeu 85.000.
Provocado pela violência, hiperinflação, desemprego e escassez de alimentos e remédios, este êxodo equivale a um em cada grupo de 12 habitantes do país. O fenômeno se intensificou nos últimos seis meses, disse William Spindler, da Agencia das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que pediu mais esforços internacionais para amenizar o fardo das nações vizinhas da Venezuela. “Os maiores aumentos continuam a ocorrer no fluxo para a Colômbia e o Peru”, disse Spindler.
A Colômbia abriga mais de 1 milhão de venezuelanos. Cerca de 3.000 cidadãos do país vizinho chegam a cada dia. As autoridades de Bogotá estimam que 4 milhões podem estar território colombiano até 2021, o que custaria ao governo quase 9 bilhões de dólares.
O Peru é o segundo maior destino de refugiados e migrantes da Venezuela, com mais de 500.000. O Equador recebeu 220.000 mil, a Argentina, 130.000, e o Chile, 100.000. Além da América do Sul, os países da América Central e do Caribe também registraram aumento na chegada de refugiados e migrantes da Venezuela. O Panamá, por exemplo, hospeda 94 mil venezuelanos atualmente.
Rica em petróleo, a Venezuela mergulhou em uma crise econômica sob o comando do ditador Nicolás Maduro, cujas políticas envolveram intervenções estatais em setores produtivos e repressão a opositores políticos.
Maduro rejeita as cifras da imigração da ONU, que classifica como “notícias falsas” concebidas para justificarem uma intervenção estrangeira nos assuntos da Venezuela.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Acnur alertaram para o fato de o êxodo sobrecarregar vários países vizinhos, sobretudo a Colômbia.
“Países da América Latina e do Caribe vêm mantendo uma política louvável de portas abertas”, disse Eduardo Stein, representante conjunto especial do Acnur e da OIM para os refugiados e imigrantes da Venezuela. “Entretanto, sua capacidade de recepção está severamente sobrecarregada, o que exige uma reação mais robusta e imediata da comunidade internacional.”
Autoridades dos países vizinhos da Venezuela devem se reunir em Quito, no Equador, nos dias 22 e 23 de novembro para coordenar os esforços humanitários. Em paralelo, as agências da ONU e cerca de 40 organizações internacionais, da sociedade civil e religiosas deverão lançar em dezembro o Plano Regional de Resposta Humanitária para Refugiados e Migrantes da Venezuela (RMRP).
O plano tem o objetivo de melhorar a resposta operacional e estará concentrado em quatro áreas estratégicas: assistência emergencial direta, proteção, integração socioeconômica e cultural e capacitação para os governos dos países de acolhida.
(Com Reuters)