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‘Tirem as mãos da África’, diz papa Francisco sobre potências estrangeiras

Pontífice visitou República Democrática do Congo nesta terça-feira e criticou exploração desenfreada promovida por países ricos

Por Da Redação
Atualizado em 31 jan 2023, 20h01 - Publicado em 31 jan 2023, 20h01

Em uma visita à República Democrática do Congo nesta terça-feira, 31, o papa Francisco denunciou o “veneno da ganância” das potências estrangeiras que saqueiam recursos naturais e impulsionam conflitos no continente africano. Milhares de pessoas, incluindo crianças em uniformes escolares, foram até a estrada principal de Brazzaville, capital do país, para receber o pontífice.

A viagem ao país, a quinta em dez anos desde que Francisco assumiu, tem como objetivo principal denunciar a exploração secular da África pelas potências coloniais que alimentaram guerras, o deslocamento em massa e a fome.

“Tirem as mãos da República Democrática do Congo. Tirem as mãos da África. Parem de sufocar a África: não é uma mina a ser despojada ou um terreno a ser saqueado”, disse o papa. 

O país tem uma das maiores minas diamante do mundo e um vasta riqueza mineral e natural. No entanto, a mineração também tem sido associada à exploração desumana de trabalhadores, ao trabalho infantil e à degradação ambiental. 

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Para agravar os problemas do país, o leste do Congo é atormentado desde o genocídio em Ruanda de 1994 pela violência. O país acusa Ruanda de apoiar o grupo rebelde “M23” que luta contra tropas do governo no leste.

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Na visita, o papa não só exigiu que os interesses estrangeiros parassem de dividir o país, mas também pediu para que as potências reconhecessem seu papel na “escravização” econômica do povo congolês.

“Assim como milícias armadas, potências estrangeiras famintas pelos minerais em nosso solo cometem, com o apoio direto e covarde de nosso vizinho Ruanda, atrocidades cruéis”, disse o presidente congolês, Felix Tshisekedi, que discursou pouco antes do papa no mesmo palco. Apesar do comentário do chefe de Estado, Francisco não comentou sobre a situação entre os países. 

A viagem do religioso, que vai durar seis dias e inclui uma escala no Sudão do Sul, estava marcada para julho do ano passado, porém foi adiada pelos problemas no joelho do papa. O roteiro original também incluía uma parada em Goma, no leste do Congo, entretanto, a região vizinha de Kivu do Norte foi assolada por intensos combates entre tropas do governo e o “M23”, além de tanques ligados ao grupo do Estado Islâmico. Ao invés de se deslocar para lá, Francisco vai se encontrar com uma delegação de pessoas em um encontro privado. 

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Estima-se que 5,7 milhões de pessoas precisaram se deslocar internamente no país devido aos intensos confrontos que ocorrem no Congo. Além disso, segundo a ONU, cerca de 26 milhões de pessoas enfrentam fome severa por causa do impacto do conflito armado.

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“Tem-se a impressão de que a comunidade internacional praticamente se conformou com a violência que o devora [o Congo]. Não podemos nos acostumar com o derramamento de sangue que marca este país há décadas, causando milhões de mortes”, afirmou Francisco. 

O continente é um dos poucos lugares em que o número de católicos cresce. O Congo é destacado como o país africano com mais católicos: metade dos habitantes, cerca 105 milhões de pessoas, segue a religião. A nação também conta com mais de 6 mil padres e 10 mil freiras.

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O papa também apontou para o papel das potências coloniais, como a Bélgica, na exploração do Congo.  Alguns grupos de ajuda esperavam que, durante a visita, o pontífice destacasse os conflitos esquecidos do Congo e do Sudão do Sul e seus crescentes custos humanitários  e reacendesse a atenção internacional aos confrontos que ficou as sombras da crise na Ucrânia. 

“Que o mundo reconheça as coisas catastróficas que foram feitas ao longo dos séculos em detrimento dos povos locais, e não se esqueça deste país e deste continente”, afirmou o pontífice. “Não podemos nos acostumar com o derramamento de sangue que marcou este país por décadas, causando milhões de mortes que permanecem desconhecidas em outros lugares”. 

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Ao mesmo tempo, Francisco também questionou as autoridades congolesas sobre seus papéis no trabalho pelo bem comum e não pelos interesses tribais, étnicos ou pessoais. Para ele, é preciso acabar com o trabalho infantil e investir na educação para que “ os diamantes mais preciosos” do Congo possam brilhar.  

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