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Lula só fez afagos, mas Alberto Fernández levou uma pancada do papa

Num momento ruim para se lançar candidato à reeleição, presidente argentino põe a culpa nos outros pelo aumento da pobreza

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 27 jan 2023, 08h09 - Publicado em 27 jan 2023, 08h09

Alberto Fernández tem uma enorme veneração pelo papa Francisco, cujo nome deu ao filhinho que teve com a atual mulher, Fabiola Yanez.

Por isso, foi dupla a dor – e o prejuízo político – sofrida com uma declaração de um papa cada vez menos cuidadoso com as palavras, ao dizer que, no ano de 1955, “ao terminar a escola secundária, o nível de pobreza era de 5%. Hoje está em 52%. O que aconteceu? Má administração, más políticas”.

“A Argentina tem uma inflação impressionante”, acrescentou.

A reação do presidente papista, sem base própria de poder e cada vez  mais escorraçado pelos kirchneristas, foi, como várias outras coisas que faz, ridícula.

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“Enquanto Perón esteve no governo, a realidade argentina era outra”, disse ele. “Quando os governos ditatoriais começaram a se suceder, sempre regidos pelas lógicas liberais e conservadoras, geraram o que geraram”.

Dá para acreditar que o cara recuou até Perón?

Para não ficar atrás, a porta-voz presidencial disse que o aumento da pobreza “é produto dos quatro anos” de governo de Mauricio Macri.

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Uma fonte ligada a Sergio Massa, o ministro da Economia que está montando uma candidatura presidencial, foi mais sincera e reagiu com um palavrão daqueles irreproduzíveis. Com o realismo permitido pelo off, o informante sintetizou o que significa a crítica do papa.

No Infobae, Fernando González disse que “o melhor aliado de Alberto Fernández e Cristina Kirchner no início da gestão” mandou um recado bem claro de que “estava saltando do barco kirchnerista”.

Curiosamente, é provável que o papa argentino de pendor peronista concorde que são políticas “liberais e conservadoras” as culpadas pelo desastre nacional, não o populismo desenfreado, o delírio do estado interventor, as políticas econômicas sem vasos comunicantes com a realidade e outros males que castigam a Argentina.

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A pancada do papa pegou Alberto Fernández num momento em que ele achava estar faturando alguns pontinhos para montar uma candidatura com tudo para dar errado. O presidente Lula desdobrou-se em afagos ao amigo argentino que o visitou na prisão e, acima de tudo, não cedeu às exigências de Cristina Kirchner sobre um encontro em hora e local escolhidos por ela.

Carlos Pagni, do La Nación, disse que Lula não quis ser pego, outra vez, no meio da violenta disputa entre Cristina e o presidente que ela elegeu e agora quer descartar. “Em algum momento, imaginou um almoço com o presidente e a vice-presidente. Foi informado que ela não se prestaria a dividir a mesa com quem foi seu apadrinhado e candidato”.

“A intransigência cerimonial da senhora Kirchner é fácil de explicar. Ela vê no presidente um candidato de um bando rival. Entendeu, com razão, que a cúpula da Celac era uma plataforma de lançamento”, elaborou Pagni.

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Depois dos breves momentos de glória, em que se relevou até o papel de bobo que fez diante da visita imaginária de Nicolás Maduro, Alberto Fernández teve que se fazer de desentendido diante da bronca papal e jogar a culpa nos outros.

Ter um ministro da Economia que é seu rival na próxima campanha presidencial não ajuda muito: os acertos serão atribuídos a Massa e os erros, inevitavelmente, acabarão na conta de Alberto. Depois de uma estabilização relativa, os infinitos buracos da economia estão novamente aumentando e podem explodir diante da instabilidade política alimentada por uma espécie de loucura coletiva que empurra o presidente e sua ex-madrinha a apostarem num processo de impeachment coletivo contra o Supremo Tribunal argentino.

O papa, que durante a vida foi muito mais Jorge Bergoglio de Buenos Aires do que o bispo de Roma, sabe dessas intrigas muito bem. Segundo Carlos Pagni, ele não perdoa Alberto Fernández por não ter cumprido um trato que manteria a questão do aborto fora da pauta, ao contrário do que aconteceu.

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Céus, imaginem só, um político peronista que não cumpre um acordo, até as pedras da Praça de São Pedro devem ter ficado chocadas.

Até a eleição presidencial de 22 de outubro, o efeito Copa inevitavelmente vai passar, a insustentabilidade da economia irá cobrar seu preço (o dólar já foi a 385 pesos) e Cristina Kirchner terá ouvido um bocado de “clamores populares” para desistir da promessa de abandonar a política. 

Caso contrário, terá que decidir quem apoia: Massa ou seu protegido Wado de Pedro. Atual ministro do Interior, ele está em surto por não ter sido convidado para uma reunião de Alberto com Lula. A plantação de críticas bate recordes.

Está tudo embolado e nem reza do papa dá jeito.

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