Um dos terroristas islâmicos responsáveis pela barbárie contra um soldado britânico no dia 22 de maio, em Londres, compareceu à Justiça nesta segunda-feira. Michael Adebolajo, de 28 anos, foi ao tribunal levando um livro que seria o Corão, e pediu várias vezes para se tratado por Mujaheed Abu Hamza – e seu advogado o chamou por este nome. Adebolajo também mandou um beijo a um familiar que estava presente no tribunal.
A audiência com o britânico de origem nigeriana durou apenas alguns minutos. Ele compareceu ao tribunal vestindo uma camiseta branca e com o braço esquerdo imobilizado. Recusou-se a permanecer de pé. O terrorista foi acusado pelo homicídio do soldado Lee Rigby, de 25 anos, por tentativa de homicídio contra dois policiais e posse ilegal de arma de fogo. Mas disse à magistrada Emma Arbuthnot que não tinha ouvido as acusações e, por isso, não iria confirmá-las. Foi então informado que não teria de responder. “Este é o um procedimento normal, você não precisa responder”, disse a juíza. Ao final da audiência, disse que gostaria de “aliviar a dor, se possível” e então beijou o livro e levantou o braço ferido.
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Adebolajo e o outro terrorista envolvido na morte brutal de Rigby foram feridos depois de reagirem à chegada da polícia no local do crime, uma rua de Woolwich, no sudeste da capital britânica. Michael Adebolawe compareceu ao tribunal na semana passada para ouvir as acusações.
Selvageria – Tanto Adebowale como Adebolajo foram filmados e fotografados por testemunhas que passavam pelo local no dia do ataque. Pouco depois de mutilar Rigby usando facas de açougueiro, Adebolajo falou para a câmera do telefone celular de uma testemunha. “Nós juramos por Alá que nunca deixaremos de lutar contra vocês. O único motivo pelo qual fizemos isso é porque muçulmanos morrem todos os dias”, disse, quando ainda tinha sangue da vítima nas mãos. Adebolajo cresceu em uma família católica e se converteu ao islamismo em 2003, quando adotou o nome Mujaheed. Nos encontros de um grupo radical banido da Inglaterra em 2010, seu maior interesse era saber em que situações o uso da violência poderia ser justificado.
Apesar de inicialmente serem considerados “lobos solitários”, expressão usada para designar militantes que não pertencem a organizações terroristas, criminosos como Adebolajo e Adebowale ou ainda como os irmãos chechenos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, responsáveis pelo atentado em Boston, não brotam espontaneamente do nada. Eles têm ligações com radicais dentro e fora de seu país de residência. E, muitas vezes, estiveram no radar dos serviços de inteligência. O desafio é flagrar um muçulmano radical antes que ele decida cometer um atentado.
(Com agência France-Presse)