O partido político do islamita Hafiz Saeed, acusado pela Índia e pelos Estados Unidos de realizar um ataque terrorista em 2008 na cidade indiana de Bombaim, apresentará 200 candidatos às eleições gerais do Paquistão, marcadas para 25 de julho, sob a alcunha de outro movimento político, já que não está legalizado.
Ahmed Nadeem, porta-voz da Liga Muçulmana Nacional (MML), frente política de Saeed, disse que a Comissão Eleitoral do Paquistão (ECP) rejeitou em outubro o registro do grupo como partido. Por isso, os membros decidiram apresentar os seus candidatos com o partido político Allah-hu-Akbar Tehreek (AAT).
O porta-voz ressaltou que “mais de 200 candidatos se apresentarão às eleições nacionais e provinciais de todo o país em uma plataforma junto com o AAT”, uma formação política de corte religiosa que, nas eleições gerais de 2013, não obteve nenhum parlamentar.
Apesar da intenção do MML, a comissão eleitoral ainda deve dar a sinal verde aos candidatos apresentados para as eleições gerais de 25 de julho.
O MML foi fundado em agosto do ano passado como partido político da organização Jamaat-ud-Dawa (JuD), a qual está incluída na lista de grupos terroristas dos Estados Unidos e da ONU e que é considerada uma fachada da organização terrorista Lashkar-e-Taiba (LeT).
Estados Unidos e Índia acusam o Lashkar-e-Taiba de cometer os atentados de Bombaim contra uma estação de trem, um centro frequentado por judeus, vários restaurantes e hotéis, entre eles o emblemático hotel Taj Mahal, nos quais morreram 166 pessoas.
Em fevereiro, o governo paquistanês ordenou o bloqueio das contas e bens de JuD, após os Estados Unidos suspenderem em janeiro o Programa de Fundos de Apoio à Coligação do Paquistão –envolvendo mais de 900 milhões de dólares– por falta de “medidas decisivas” na luta contra o terrorismo.
Os Estados Unidos oferecem uma recompensa de 10 milhões de dólares por Saeed, mas o líder islamita se move livremente pelo Paquistão, participando em atos e dando discursos, com detenções domiciliares temporárias.
Ditador
O ex-ditador paquistanês Pervez Musharraf também apresentou nesta segunda-feira os documentos para se candidatar como parlamentar nas eleições gerais. O Tribunal Supremo do país ordenou a reabilitação do seu passaporte, o que permitirá que ele volte ao país, onde é acusado em vários crimes.
Qamar Afzal, advogado de Musharraf, indicou que a Liga Muçulmana de Todo o Paquistão (APML) apresentou os documentos da sua candidatura em uma unidade eleitoral da cidade de Karachi, ao sul do país. “Posso confirmar que Musharraf se apresenta às eleições”, disse Afzal.
Além disso, o secretário-geral da APML, Mohammad Amjad, disse no Twitter que a candidatura de Musharraf também será apresentada hoje na cidade de Chitral, ao norte do Paquistão.
A Comissão Eleitoral do país, no entanto, ainda precisa aceitar os candidatos que se apresentaram e revisar as declarações de antecedentes criminais, entre outros aspectos.
O Supremo tmabém estuda uma apelação à inabilitação política de Musharraf imposta pelo Tribunal Superior de Peshawar, em 2013, devido ao ex-presidente ter suspendido a ordem constitucional em 2007. Por enquanto, a máxima instância judicial permitiu a Musharraf se registrar como candidato à espera da sentença de apelação.
(Com EFE)